quarta-feira, 27 de abril de 2011


Eu tenho cinquenta e um anos.
Comecei a desenhar ontem.
Adorei a coisa, o processo, os procedimentos todos que estavam e estão enraizados na minha cabeça, recheando a superfície de um papel imaginário.
Imaginário é o que não falta nessa cachola que pensava até outro dia que essas coisas técnicas e emocionais funcionavam da mesma forma pra todo mundo.
Não funciona assim.
Comecei a desenhar ontem e foi muito bom.
Não parei mais, só não estou desenhando mais nas minhas calças.
Meus alunos vivem me desenhando e aprendi com eles e contigo.
Nas camisetas brancas estou arriscando uns riscos alinhavados pela ponta da caneta molhada na aquarela acrílica preta.
Desenhar é bom, testemunhar amor é melhor ainda, ser doce, carinhoso, cantar baixinho e bem alto a alegria de substanciar no outro aquilo que esboçado está em nós.
Aprendemos assim e é assim que a gente acredita e não dita, distribui e não se distrai.
Comecei a desenhar ontem e sei que desse ato, frutificará mais vida e intensidade, mais relíquias e mocidade.
O nosso jardim redondo assim pede e, se ele pede, a gente não pode se furtar,ou roubar da gente o encanto.
Não falo mais de arte, aquilo que lhe for obsoleto, ou excessivo.
Desde ontem desenho e vendo, e vendo olho mais de perto, e de bem perto sinto seu cheiro, e bem de perto, é bem verdadeiro