segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tranquilidade quase dormente.
Ontem ouvi novamente que a modernidade acreditava que a razão iria resolver todos os problemas.
Disseram que a ciência nos trouxe muita coisa boa e nos ajudou bastante, porém o ser humano é mais do que ciência.
Passaram a falar de arte.
A tão necessária e utilíssima arte.
Alma, espírito, casca e gosma interna etéreas, da cabeça aérea.
Acabei de ouvir de um aluno que eu deveria ser um desenhista famoso.
Eu disse a ele que eu já era muito famoso, cheio de fama, eu só não tenho muito dinheiro.
O que é o dinheiro nesse mundo materialista?
É a razão, aquela que iria salvar o ser humano de toda tragédia e iria proporcionar-lhe tranquilidade.
Estou tranquilo, cercado por barulhos de todos os lados.
Uma ilha esquisita, porém não louca.
Adorava ver radinhos de pilha serem atirados nos bandeirinhas em jogos de futebol.
Todos erravam o alvo, mas acertavam as chinelas que jaziam no gramado, atiradas um pouco antes.
Eram baratíssimos, os radinhos e as chinelas.
Foram substituídos por músicas tocando no celular sem fones particulares.
O som desses aparelhos agora é compartilhado, mesmo que você não queira ouvir aquilo, ou coisa alguma.
Estou tranquilo e quieto, ou quase.
Quero fazer um enorme desenho num tecido gigantesco, para que a maravilha possa cortá-lo e fazer dele diversos costumes.
Pedaços aleatórios para que todos possam ver as partes.
Juntar todos nas retinas talvez não será possível, mas sentirão as partes.
Estou tranquilo fazendo a mesma coisa de sempre, sem que nenhuma coisa seja exatamente igual.
Estou sentindo uma brisa passar pelo meu rosto.
Brisa boa mas que difere em muito daquela que me salta aos olhos e toques de nariz.
Essa diferente me ensina a sentir tal brisa.
Sempre adorei o barulho e talvez por isso adore tanto os ônibus a trinta.
Cometa a loucura de ser um cometa.
Vou caminhar essa noite por trilhas de som verdadeiro e biutiful.
Carteiras, rasteiras, música e ruído.
Uma rapunzel aparecendo na janela da maria, com um sorriso que vai de uma estante à outra.
Eu, de baixo sorrio também, um sorriso parecido, de parecidês intensa, tranquila

Uma suave brisa tocou-me a cabeça.
Esse parte do nosso corpo que esquenta quando se é do fogo.
Meu filho me deu um abraço forte e me perguntou se eu estava com febre.
Não estava, sou do fogo e do peito para cima.
Do abraço acalorado.
Quando o espírito desceu sobre os apóstolos, desceu atingindo-lhes a cabeça.
Em constante vigília, atenção e espera.
Uma espera delicada, tênue, capaz de virar furacão quando tocada por algo interessante, algo que provoque na cabeça, o interesse.
Tudo está dançando à nossa volta.
Tudo e todos dançam, com mais ou menos intensidade.
Acabei de ver uma sequência de desenhos feitos a lápis, mostrados um a um, de cima para baixo, na tela do computador.
No final da sequência aparece a imagem do autor com um lápis preso à boca.
A enorme possibilidade do querer humano.
A boca faz parte da cabeça que se aquece ao perceber demasiado.
A boca emite sons e produz movimentos que podem gravar imagens.
A boca não fala, a cabeça sim.
Dê neles, um forte abraço.
Assim faz a jardineira quando aprecia as árvores da grande cidade.
Espera, vigia e planta espetáculos no dançar dos lábios