domingo, 3 de abril de 2011


Uma tostequeira nova tem um termostato que mostra automaticamente quando o pão está bom para ser devorado.
Gosto bem mais de termostatos quebrados, que possibilitam variadas formas de interpretarmos a aparência do pão.
Ligamos na tomada, colocamos o pão, fechamos o aparelho e ficamos a abri-lo quando desejamos.
Abrimos de tempos em tempos e ficamos observando através dos olhos e do toque a temperatura e a textura do pão.
Gosto mais assim.
O desenvolvimento da tecnologia vem aprimorando a nossa preguiça.
Tudo é feito para facilitar a nossa vida, sendo que um pensa e realiza e os outros milhões utilizam.
E assim vamos seguindo, com alguns poucos pensando e todos nós usando o que esses nos oferecem.
Prefiro pensar um pouco e, as vezes, até pensar bastante.
O meu curso é a comunicação através do texto não verbal.
Isso dá um trabalho grande, perceber o que a imagem e os sons querem dizer.
Penso tudo isso como um espectador e não como artista.
Repito:
Dá um trabalho grande perceber o que as imagens e os sons querem dizer!
A curiosidade é a mola mestra da criação, que é a mola que faz pensar.
Parece que quando a gente expressa nosso pensamento a gente é chamado de filósofo, o que parece significar alguém com muita inteligência.
Tudo isso apenas me parece, afinal, pra tudo isso basta estar atento, observar e admirar.
Parece que trata-se, ou tratamos, de uma outra forma de inteligência.
Uma diligência interior, desejosa de comunicar-se teatralizando, contando histórias verossímeis.
A arte é como deus, precisa-se ter fé pra ver.
Eu adoro ver o pão na tostequeira, usando o meu próprio tempo, egoísta que sou.
Uma menina percebeu a alegria, vendo no relógio digital o número 10:01.
Apesar disso a nossa sensibilidade está sendo treinada para não chocar-se mais com as cenas bizarras que retratam a pobreza, o lixo, a maldade, a grosseria, a violência e a luxúria.
Achei até algumas cenas bacanas - palavra que vem de baco, o deus do vinho e da orgia - do qual, também a palavra bacanal deriva.
Será que isso é biutiful, ou biutiful é a pergunta da cena final do filme espanhol: "O que há pra lá?"
Beleza mesmo há no que há pra cá.
No exemplo da trama do algodão do lenço, que no passado resiste ao ferro e no presente, bailarina dança