domingo, 27 de março de 2011


Uma viagem tranquila.
Uma transmissão de pensamentos, suave, uma paisagem longa.
Um projeto que cabe tudo.
Linhas, pontos e formas podem gerar estrelas, gente valente, imagens históricas, paz aos homens de boa vontade.
Vontade é o que não falta.
Uma vontade louca de acertar quase sempre, apesar da limitação orgânica e psíquica da gente que foi feita de barro e costelas, constelações.
Uma manada de estrelas destinadas à loucura da vontade.
Ouço ao longe o som estridente da cuíca e do tamborim.
O surdo toca os ouvidos de quem passa desacordado pela rua quase deserta.
Desértico é o coração de quem anda a elevar a cena à condição de tela sobre tela.
Cena é realidade estampada na retina, nas retinas, retendo tudo o que de tudo há nela.
O projeto é grande e é pequeno, é audacioso e é singelo.
As notas vão se aproximando dos instrumentos, assim como os marimbondos aproximam-se das faces dos irmãos brincalhões.
Brincadeira desvencilhada do perigo quando não se tem noção.
A noção é mais exata quando o toco de madeira atiça os insetos em suas casas.
A viagem é tranquila e a menina está ali, inquieta, estampada em letras, anunciando.
A paisagem lateral, vista da janela, é recheada de verde, folhas, de pedras guiantes.
Antes de tudo vem o carinho.
Acima de tudo está a criatura e acima dela o criador.
Na terra ou no céu, as estreitas visões do paraíso apontam para o itaim.
A buzina alucinada do carro na contramão depõe contra a mão aguda dos malfeitores.
A mão no sino da capela diz que o anjo veio pra anunciar.
Veio e ainda está presente pertinho do plástico escuro, sobre a calçada