sábado, 26 de março de 2011



Particularmente sinto-me integrado.
Como folha de alface fresca no frescor dos meus cinquenta e uns.
Uns instantes atrás, atrasei-me com os meus discursos e atravessei a rua apressado depois de ver alguém debruçado, cheio de pressa, dentro do saco de lixo preto.
Revolvo aquilo que não posso resolver, sem me ver revolto sobre a minha insignificância.
Os anos fazem isso com a gente.
A gente se contradiz e diz o que vem do coração, órgão contraditório que é.
O coração nos pede coragem e a gente age abraçando.
Abraço é como parto.
Parto e reparto.
Repartir e não partir do abraçar apertado.
Sempre achei interessante a expressão apertado, dita quando estamos com muita vontade de liberar, depois de filtrado pelos rins, o líquido quente guardado na bexiga.
Bexiga é símbolo de festa e é com festa que recebo a oportunidade de particularizar a paciência com os outros e não particularizá-la para mim mesmo.
Paciência é algo precisado quando vemos sair do lixo, o alimento que a gente precisa.
Que lixo é esse que nos remete ao luxo de saciarmos a nossa fome de tracejar sobre os panos?
É urgente que desenhemos sobre as camisetas claras e é claro que nelas apresentemos nossa tentativa de ajuste.
Ajustemos pois o nosso corte de cabelo e barba, e quando tudo isso estiver novamente desajustado, que a gente possa ter alguém com mão experimentada no trato delicado.
Trato nesse texto de algo distante da loucura e muito mais próximo do esquisito.
A esquisitice toda baseia-se no nosso consumo de oxigênio desenfreado, afinal, precisamos respirar um pouco, enquanto a caravana passa, escoltada pela cavalaria bravia, de um mundo sem estribos