quinta-feira, 17 de março de 2011


Os gatos pingados.
Nem todos os gatos são pardos, alguns têm manchas, são malhados.
Malhados pela corrosão dos desentendimentos e confusões entre a poética e a hermética.
O hermetismo das falas transversas provocam descompassos reversíveis.
Provocar é apressar a tentativa de entendimento sobre as teses que se apresentam através das palavras.
O gato pinga de estrebuchar-se todo, após tomar um banho forçado.
São pingados porque são poucos os que acostumam-se a gostar de água.
Pingado eu gosto de manhã, com pão na chapa, a não ser que seja na sua casa com pão na tostequeira coberto com queijo esperto.
Assim, pingado já não é.
É café montado a maneira de itália.
A arte não consegue e nem deve sair da gente, mesmo se conseguisse querer tanto.
Ela quer tanto que a gente fale sobre as coisas dela, que a gente objetiva alguma coisa que a represente.
Nós não nos representamos em nada, nada nos representa, tudo a gente interpreta.
Não no sentido de representar de mentirinha, mas de verdadeirona.
Assim comunicamos-nos, nós e o mundo, eu e tu, nós e vós, eu, você e os outros e todo mundo.
Estamos em comunhão.
Criaram polêmica sobre um desenho publicado no jornal, feito por um menino de quatorze anos.
Um desenho feito sobre a representação de uma xilogravura japonesa do século dezenove, chamada a onda.
A onda anterior era libia.
Wave é uma canção da bossa nova.
Nova é a onda?
Nada do que foi será, é claro, afinal a nossa interpretação é totalmente volúvel, mesmo que tenhamos nos pés calçados fundamentalistas, do jeito que já deve ter sido um dia.
Na crista do galo está a crista da onda, já que ele teve que cantar três vezes para um sujeito legal negar tudo o que havia vivido.
O galo português, dependendo da cor, mostra chuva, ou mostra sol.
As manchas nos nossos pelos fazem com que muitos nos interpretem malhados.
Malhamos, a custa de suor no rosto, o ferro frio