segunda-feira, 14 de março de 2011


Eu tenho uma casa.
Uma morada em mim, onde tudo acontece e transparece em verdade.
Translúcida moradia que quer sempre estar em parede e meia com as outras tantas que estão dispostas a compartilhar suas texturas e suas pinturas.
Sou ela, a casa e a tenho em mim.
Um corpo moldado em barro e construído sobre um caminho enorme de caminhar bastante.
Um corpo que se pretende doado, partilhado, a partir do seu pensamento constante e inacabado.
Uma casa cheia de coisas a serem redescobertas e reconduzidas aos seus devidos lugares.
Uma morada dedicada a companhia e a decisão antiga de oferecer um canto e um abrigar dos respingos dos mais variados chuviscos.
Chuvas que são tantas a molhar os rostos e os corações de tanta gente em tantos lugares e em suas residências.
Resido no meio da rua, desde quando acordo e me ponho a andar ligeiro.
Estou vivo e vivo a cantar canções sobreo casas muito engraçadas porque pertencem as personas e não por não terem teto e não terem nada.
Resido onde estiver falando e falando bastante para confundir aquilo que já é confundido por natureza.
A natureza me coordena.
Ela me leva ao jardim de bençãos, onde a flor redeada me espera e me opera.
A taba é redonda e a toba também.
A casa pede uma cabeça segura, para mover a sua estrutura ainda um tanto rígida.
A casa é atendida e eu agradeço.
Toca a campainha e a companhia reside aqui, morando no mesmo lado da nossa rua