sábado, 12 de março de 2011


Um vaso com flores preso ao antebraço.
Vários zumbidos pequeninos recheando o caminho dos membros indicadores.
Quando o fundo de um deles é um espelho, ele mistura-se ao do outro para uma coreografia dedilhada, como numa vasta melodia instrumental.
Esses instrumentos são sincronizados sem serem absurdamente idênticos.
É dessa forma que o concerto torna-se irrediavelmente diferente do que fora antes.
Uma interminável oportunidade de conjuntos diversos, trazendo uma beleza impossível de ser traduzida em expressa qualquer coisa.
O final é sempre história, já que a graça está no fato de tudo ser sempre história mesmo.
Houve um tempo em que história inventada era estória.
Numa sábia decisão, os sujeitos da norma culta, definiram que tudo seria história mesmo, tanto as inventadas como as determinadas como realidade pura, nua e crua.
Aí está a marca desse novo conceito:
As inventadas são as histórias todas, entre as nuas carimbadas pelo despreconceito e as cruas, desejosas de cozimento em microondas.
As puras, essas identificam-se com as outras todas e as perfuma.
Inventamos todas, as reais e as imaginárias, já que para tornarem-se realidade, todas elas precisam ser imaginadas anterirmente.
As mais belas talvez sejam aquelas qu são imaginadas apenas segundos antes do abracadabra.
Palavra mágica que abre, reabre, transborda pra fora de tanta abertura, de abrir-se verdadeiramente, bordada que é com tanta verdade instantânea.
Num momento é imaginação, é ideia, noutro é verdade, um soco delicado.
Palpável idéia que beija e torna beijada a marca indelével do fato.
Para tal fato, foto em papel não existe.
O papel adquire característica celular e não celulóide.
A madeira passível de recortes a faca, agora é corpo maleável que molda-se à ideia da escada rolante.
Um filho enrola o rocanbole a seu gosto e detona.
Detona o gosto pela alegoria provocada pelo sorriso groselha.
Se colocares o olho e enxergares a groselha como coisa qualquer, alcançarás o paraíso, já que qualquer coisa é ideal e resultado.
A palma da mão exorta a presença de um deus que nem precisa de maiúscula para rechear a gente com uma história contada pela cabeça na lua, cheia