terça-feira, 22 de fevereiro de 2011


Um vasto repertório.
Um mastro, um sítio, um rastro, partículas vibrando e um coração pulsando.
O presente num instante movimenta-se e a flor na caixa incomoda-se e no instante seguinte volta a acomodar-se.
No meio desse processo os olhos atentos percebem a história inteira aproximando-se.
Quanto mais próximo o capítulo, mais versículos ela vai lendo e relendo coração a dentro.
Eu recebi um crochê finíssimo de metal tão finíssimo quanto.
As agulhas de tricô e crochê são diferentes, mas quando tocados pela graça, resultam em céu intensos, cheios de um azul royal de realidade tocante.
As flores nascem assim.
Nascem de um folguedo da graça com as particularidades da fazedeira.
Vejo chaves sobre a mesa e sei qual delas abre qual porta e até quais janelas.
Abrir-se é instante maduro, na serenidade da maturessência e na espontaneidade da lembrança.
Escrevi faz tempo que a esperança é a espera da criança, a criança que espera afoita, ansiosa, agitada pelo presente.
Crianças esperam pelo presente, nós esperamos pelo agora, e eu, espero pela gente que leva consertar cafeteiras de presente.
Eu adoro café.
Prefiro tomates vermelhos e pratos quaisquer, desde que vez por outra, os quadrados enfeitem de bambus as toalhas dobradas ao meio.
O meio ambiente é esse, é este, é deste tamanho, do tamanho do seu coração, da sua pulsação, da sua entonação e da sua clave.
Observar na feira um recipiente transparente enorme, cheio de pedras a procura de um arame que as junte, causa-lhe uma espécie de tristeza por ter estudado tanto.
Quem estudou não foi o recipiente guardador de pedras, mas a gente que ocupa-se em organizar as sutilezas dos conceitos e das vísceras dos sentimentos das coisas.
Existe um lugar apenas para cada pedra.
Existe uma mapeadora de sorrisos e uma bordadeira de novas armações de ossos, seguros pelas suas carnes.
Uma colecionadora de vidências, de camadas, de imagens, de pureza, de colagens umas sobre as outras.
Existir é palavra que sangra.
Sangrar é rotina que não pertence a domadores