segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011


Ocupo-me de molhar a grama, de observar atentamente as mini rosas e as fotos.
Suponha que um artista esteja acima de alguma coisa, estará ele acima de suas próprias obras, afinal elas são vinte por cento daquilo que foi imaginado por ele e cognitivamente construido no cérebro.
Uma aluna perguntou-me se os rabiscos que uma criança faz numa folha de papel é arte.
Talvez seja cem por cento daquilo que ela imaginou.
Quando o artista produz, não produz mais do que vinte por cento.
No adulto artista, entra no processo todo um raciocínio, uma rede de informações internalizadas, que são processadas até o resultado final vingar satisfatório.
As pessoas só colocam os olhos naquilo que eu achei satisfatório, o resto vira hipótese, como diria a boneca emília.
Na história da criança, parece que existe espontaneidade.
Ocupo-me de organizar as folhas numa pasta, a fazer rolinhos de papel para montar acessórios.
A coisa ter a cara da pessoa parece formar-lhe parentesco com a face, ser parente do seu gosto, da sua gestualidade, da sua genialidade e da sua curiosidade intensa.
Acupo meu tempo a dirigir toda energia positiva aos brilhos ternos, aos aromas vegetais, às cores das nadadeiras e tudo mais que São Gabriel pode aperfeiçoar.
Afeiçoo.
Coloco os meus braços a disposição dos materiais elásticos para que possam ser grandes o suficiente para dar nós.
A claridade original da imagem é reflexo do brasão familiar que está espontaneamente impresso.
A clareza da paisagem está esperando para ser fotografada, assim como a lua está pronta a receber a luz que do sol provém.
O artista espera ansioso por um momento desperto, esperto na esperteza da certeza, coberto por um manto transparente que lhe permite enxergar de fora.
De dentro ele oferece a cesta de vime com frutas doces e com um bloquinho de folhas brancas.
A escrita é conjunta e o bloquinho vazio, está vazio qual nada, está sendo constantemente grafado, a partir da maravilhosa inspiração estelar