sábado, 19 de fevereiro de 2011


Acabei de retornar uma hora no relógio da cozinha.
Não que tenha chegado a meia noite, ou que tenha chegado o meio da noite e o fim dela, em mim.
A noite eu sou uma criança, dessas que dorme bem cedo para sentir o escuro, no fechar dos próprios olhos.
Uma criança de alguma idade, contida no couro cabeludo, esse que é mais couro do que cabeludo.
Essa graça contida nos pensamentos vastos que percorrem a escuridão dos olhos cerrados, sonhando com a paisagem del valle.
Na viagem, vaguei pensando em atrasar todos os relógios, para que os olhares da cebola e os da metade do tomate permanecessem nesse dia - chamado hoje - acontecendo por mais uma hora mágica.
Os peixes que nadam, nadam e nadam, a procura de lugares mais altos para profetizarem mais vida, são nosso sal e nossas mãos, sal e mãos deitados no rochedo prateado que enfeita a forma.
O descobrimento do Brasil é coisa semelhante ao corte da batata que, ao acaso, doura a borda que ilumina o sorriso da dona da biblioteca.
O país economizou zero, vinte e cinco por cento de energia elétrica e a gente não economiza nada, muito menos tempo, para redescobrir as nações e as noções em desenvolvimento.
Desenvolvemos um método de descobrimento bem simples.
Olhe agora para o olho mágico da sua porta de entrada.
Existindo alguém que esteja do lado de fora, olhando no mesmo instante para dentro da sua casa, o que se desenvolve nesse instante é uma trama que não estorva e ainda orna.
O ornamento que desencadeia o colar da nação respiratória, tem a cara que lhe foi projetada desde o início.
Um záz, um risco, um cisco de tempo e os ponteiros são girados às avessas.
Mais uma hora, ora bolas, círculos, mostradores.
Mais uma dessas relevâncias das águas afagadas pela canção que de fraqueza nada tem.
Os dedos, um a um, tocam suas pontas como se toca um piano pianíssimo.
Dorme que a cuca hoje não vem pegar.
O máximo que a cuca vai fazer é ficar pensando em mover confusão.
Já o boi da cara preta, vai ficar de cara, quando perceber que quem fecha os olhos para sentir o escuro da noite, gosta mesmo, é de sonho de valsa