sábado, 12 de fevereiro de 2011


Batimentos e uma máquina.
Uma ou duas batidas na porta e a pessoa já vai atender.
A precisão como uma história encadeia-se à outra, é inevitável quando a arte bate na porta e a pessoa atende.
Acreditar nessa coisa que difere-se da matéria e aproxima-se da essência é uma coisa de louco, já que o que importa nessa mundana neurose toda, é a grana.
A grama cobre todo o jardim redondo.
É a grama e não a grana que lhe cobre, portanto, é muito mais interessante e importante cobrir-lhe de beijos do que cobrar-lhe alguma coisa.
Coisa de loucos que trafegam pela aventura de jamais copiarem-se, já que só se pode copiar aquilo que já existe como coisa e só se pode crear aquilo que inexiste como coisa.
Quando professei o verbo crear, um aluno indignou-se a princípio, dizendo que o correto é criar.
Logo emendei que criar é um verbo que serve para coisas visíveis que criam coisas visíveis e crear serve para gente que crea algo visível, a partir de algo que provem de uma região ainda invisível.
Cria-se gado, mas uma obra de arte, crea-se.
Simples assim, como quem emenda pérolas a outras pedras, ou materiais, sabe?
Você quer ganhar dinheiro, ou quer crear arte?
Escolha e estarás mais próximo da arte, afinal, arte inexiste sem escolhas.
Alguém dirá que ainda é preciso sobreviver para poder-se crear.
Não há dúvida, a dúvida que há é se é possível viver sobre, sem ter essa aventura reformadora constante.
Quem pisou sobre esse território sabe que não há volta, nem variante e muito menos caminho mais curto.
Há sim a desistência de pisar sobre esse território, e aí partimos para outra dimensão, mais terrena, sem nenhum abra cadabras e mesmo assim, corremos sérios riscos de recaída celeste, provocante de pintura colorida da nossa pele facial, abrindo-nos novamente a janela da celestial loucura.
Vale a pena.
Veja que maravilha.
Valer a pena, nada mais é do que perceber que antigamente escrevíamos com pena de ganso sobre todas as coisas, portanto, valer a pena, é valer a escrita.
É uma pena, quando não nos atiramos das nuvens sobre um travesseiro recheado com penas.
No curto espaço que há entre o travesseiro e a nossa cabeça, toda história de alguém que é diferente, vai interessar