terça-feira, 1 de fevereiro de 2011


Um divertido bicho de pelúcia estava ancorado no telhado do vizinho.
Estava ali, sem que eu pudesse sentir seu cheiro, mas ainda assim era possível percebê-lo, através da aparência sujinha dos pelos plastificados, artesanalmente nele colocados.
Ali jazia há tempo, nem em pé, nem deitado.
Numa posição que transparecia sua vida brincante, na companhia de crianças, as músicas, as letras miúdas, os seus saltos bem altos, provocados pelos braços e mãos das crianças, jogando o bichinho tão alto, que ele um dia foi parar no telhado.
Os motivos que levaram, desta feita, as crianças não irem buscá-lo, podem ser muitos, porém talvez não caiba aqui enumerá-los.
Aqui cabe uma montanha de ursinhos, de todos os tons e cores, amontoados, de formar montanha de pelos artificiais.
Cabe de caber imenso, uma montanha deles, cerebralmente constituida e providenciada.
Vemos alpinistas espertos preparando-se para escalar tão diferente monte.
Com certeza não é o maior monte do mundo, mas é um monte de brincadeiras.
O resultado de muitas aventuras infantis, todas com a presença do urso, da bolhinha do sabão, da pipa, pandorga, do rolimã e da lente que colocava fogo em pedacinhos de papel, ao ser enfrentada pelos raios do sol.
Certa feita o menino atritou e atritou um pente de plástico no cabelo.
Já havia amontoado pedacinhos de papel num canto.
Colocou o pente atritado pertinho dos papeizinhos e pronto, todos correram para o pente através de um elétrico imã.
Ali estava o ursinho de pelúcia no telhado do vizinho, contando histórias.
As histórias estão todas ali, aqui, acolá, porém estão esperando para serem contadas por você, por mim, por todos os que enxergarem pelúcia nas plumagens mais espessas das nuvens, mesmo que as histórias das nuvens sejam mais costumeiramente contadas.
Nesse momento não enxergo mais o ursinho vestido de pelúcia, ele não está nem em pé e nem deitado.
Não o vejo mais.
Vejo apenas você em cima do telhado, fitando meus olhos de urso de pouca pelúcia, quase adormecido, recheado de sonhos e botões