segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ô e Ó

Ô senhorzinho, eu não entendo nenhuma das frases que você escreve no face!
Sou egoista pra caramba.
Sou egoista até o último.
Até o último segundo, até saber amar você.
Pequena letra de canção.
O que isso tem a ver com a última frase da canção do ser?
Qual seja:
Eu quero ser mais do que ter e enxergar em nós, sempre muito mais do que eu e você.
Sim, claro, claríssimo.
É egoismo até o último grau, apenas em dois.
Apenas o outro e a outra, aquele e aquela.
Somos nós dois e mais todo mundo e principalmente aqueles que não sabemos, ou não compreendemos.
Mais do que eu e você.
Eu e tu somos muito mais lindos, beatyfull, ou por que não ousar: Beutiful como quer o espanhol, cheios de boniteza e astúcia.
Somos assim, eu e você, o nosso máximo que quer multiplicar se dividindo, dividindo-se multiplicando beleza no coração de muitos, assim como podem querer também aquele e aquela.
Assim somos além das frases que sempre têm significado factual, ou seja, sempre querem dizer algo e dizem pra ser bem feito.
Não entendido, não há como realizar, mas mesmo assim vai provocando, instigando, gerando a dúvida tão bela e rica.
Chacrinha já ensinava:
Eu vim para confundir, não para explicar.
Eu já adoro explicar:
Leia cada palavra que vem depois da outra e una seus significados.
Pronto, você me lê.
Nos lê.
Nos lê e nos projeta, reflete e multiplica luz

domingo, 30 de outubro de 2011

De fato


Ela é uma amiga da família.
Que frase é essa meu santo antoninho da rocha marmo?
Tem a célula mãe da sociedade.
Tem a amizade embutida.
A frase, mesmo que seja eu a interpretá-la assim, tem tudo isso e muito mais.
Tem ela, a menina, a mãe, a mestra da família, a dona das palavras e das imagens coloridas.
Quisera a autora sabê-la toda assim, toda vale, toda ondulação bonita, toda numa perspectiva infinita.
As pessoas têm visões de dimensões diversas e eu, penso que sou estranho de estranha estampa e órgãos.
É estranho como o que eu penso, penso ser de forma tão óbvia e simples, porém apenas é o que eu penso, afinal, parece claro que os outros observam o que eu penso de forma bem diferente.
Pensam ser mera filosofia.
A frase original me estranha, mas não me assusta.
O que me assusta mesmo é a capacidade do ser humano de ser, em tudo, mais humano ainda.
Assusta-me não poder imaginar outra forma que não seja transcender um pouco, o limite do humanismo, acendendo um romantismo lírico e factual.
O fato é que você está mais próxima de todo esse encantamento do que a minha vã filosofia.
O fato és

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Prolixo


Isso é arte, não é lixo.
Frase dita por uma menina, ao ouvir a outra amiga artista perguntar quantas árvores haviam sido derrubadas para se fazer um objeto grande, com dobraduras feitas sobre vinte e quatro quadrados de papel.
A peça chama-se rosa mágica.
O mágico engano foi pensar em desmatamento desmedido para a fabricação de papel.
O meio ambiente sofre e sofre por mais de mil motivos, mas é certo que não sofrerá mais, depois do surgimento de uma rosa mágica que já foi transformada em tartarugas, ciclopes, flores outras, outras estrelas e mais tantas coisas que os ambientes internos das pessoas propiciou aos sete ventos externos.
Você deve estar pensando como uma menina artista pode pensar - nessa hora - em desmatamento criminoso e não na produção artística?
Como todos os miúdos - desse tempo preocupado com a sustentabilidade - ela ouviu repetidamente essa história real do desmatamento para a produção de celulose, mas esqueceu-se que há a necessidade legal do replantio.
Ninguém se esqueceu - da mesma forma - dos burlares de leis que existem nesse país e no mundo inteiro.
Complexo entrave mental da aprendizagem e do ensino.
Isso é arte, não lixo, parece coisa de prolixo que fala pelos cotovelos, mas parece mais uma lixa, desbastando os exageros das mesmices da fala curta

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Oceano


Quando imaginei escrever esse texto, pensei em escrever algo definitivo.
Defino melhor.
Diante de uma cultura violenta em seus mais variados jeitos e faces, imaginei não haver forma de transformá-la em algo mais nobre ou humilde.
Quando se mostra um plano ou programa de boa convivência na escola, colhe-se choro e ranger de dentes.
Quando no centro de ensino e aprendizagem programa-se um trabalho sobre o lixo, colhe-se centenas de papéis jogados nas escadas, papéis de enxugar as mãos nos ralinhos das pias e vasos sanitários abarrotados por toda espécie de dejetos.
Porém, descobri que nada disso é definitivo.
É um momento menos inspirado da gente.
Vai bastar apenas um aperto no botão da descarga.
Não. Não pense nesse botão próprio ao banheiro.
Não.
Uma descarga de fazeres fantásticos e fabulosos, como fantástico e fabuloso é um gesto de carinho e afeto.
Basta,
Basta querer ser um pouco mais gentil e paciente.
Basta.
Basta carregar de um querer irritante e um descarregar de abraços e boas falas.
O povo adora o pânico na televisão superlotado de graça feita com a desgraça dos outros.
O povo adora e doura.
Eu sou povo e não mergulho nessa onda.
Basta.
O masculino dessa basta deve homenagear essa cultura tosca e sangrenta. 
Ao mesmo tempo, no intervalo entre as aulas, duas atrizes, um ator e um texto impecável, reavivam o tema forte e destacam da tragédia uma esperança lúdica, cênica - de possível perseverança.
Quando eu escrevo essas bonitezas, sei que muitos pensam que essas coisinhas são piegas.
Eu digo que são ações possíveis, legítimas e altamente eficazes para a consolidação de uma cultura de paz.
Portanto, não defini nada e tampouco escrevi algo definitivo.
Desejo a você um canteiro arranjado com flores e copinhos de quibe recheados com tabule.
Junto tudo isso a um canto suave nos ouvidos para que você toque o ombro dos tristes.
Vou até meu automóvel - e lá - descansa uma camiseta já usada, mas limpíssima que ofertarei a um sujeito bom de desenho que me agradeceu pela aula simplezinha, ministrada na última segunda.
Vou atravessando esse mar na esperança de encontrar um divisor de águas, para que eu possa multiplicar meus verbos

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Manga verde

Não tendo nada para escrever com graça, tendo a imaginar que escrevo um rio.
Rio nada e rio de achar graça em quase tudo, até no ato de obter retângulos quando foram pedidos quadrados.
O que será da Grécia se os jovens não souberem sobre suas colunas?
O presente de grego é andar mal das pernas no financiamento de suas coisas.
A coluna mestra tem a quarta vértebra quase obscurecendo, mediana de furos e fragilidade.
A nossa fragilidade ante tantas ocupações desnecessárias, mas que saltam os olhos de tanta urgência.
Urge nada, é a gente que pensa e pensa bastante, porém, ao mesmo tempo que pensa, a gente sente.
Sinto calor bastante.
Bastante hoje que não me basto, penso em falar demasiado e ando falando.
Não havia lâmpada boa no banheiro da lanchonete, mas o sanduíche de queijo branco, reluzia.
Luzia de novo e fazia luz forte, saborosa, cheia de branquear mais o queijo.
Minas de energia e agilidade.
No fundo e na superfície, o que vale mesmo é o vale de felicidade que me aproxima.
Bem próximo da sua perspectiva estou eu.
Olhando para dentro do ser, estar e permanecer.
Faz sentido tudo aquilo que pensamos.
Faz e doa sentido, sem doer nem um milímetro.
Talvez doa o joelho e as costas.
A costa atlântica nos aproxima do portão de espelhos.
O nosso espelhar ligeiro reza sem ser lenda ou fábula.
É fabulosa a aptidão que temos ao desenharmos os mapas das testas.
Que linda essas linhas que nós temos, ramificando a história de tudo o que pensamos e sentimos pelo terceiro olho.
Olho entre as vidraças e você está tocando meu ombro, bem no toquinho da manga curta, da camiseta filha

domingo, 23 de outubro de 2011

Noel


E a menininha disse ao pai, moço simples de falar bem mais simples ainda:
Não minta, me dizendo que papai noel não existe!
As coisas existem e insistem na nossa cabeça memorial.
Eu falava sobre análise psicológica e a sua aptidão para tal empreitada e a ideia já havia, calcificada em ti.
Havia por um cálcio independente, maleável, moldado pelo tempo da experiência.
Depois de tantos anos, só no ano passado tive a visão da psicanálise como a cura pela fala.
Escutemos pois.
Acho crível escutar pelos olhos, afinal os visuais enxergam a história interna das coisas.
A historieta da maçã dentro da cesta de frutas, que passou pela macieira e pelo chão coberto de folhas, muito antes de alcançar a mão do atravessador.
A banca da feira conta, sem rodeios, que a moça sem dinheiro alcançou a fruta, antes de levar a mão ao bolso.
Suas mãos - bem antes - haviam acariciado a própria barriga, essa muda dependência de gêmeos.
A fala imagética dos monitores já nem impressionam mais, tal a veracidade dos fatos e suas violências explícitas, na carne dos fatos.
Viagem artística?
Apenas mais uma contemplação da ideia que alia percepções até encontrar mais equilíbrio.
Penso que viemos pra cá pra manejarmos nossas ações de múltiplos sentidos no sentido de acareciarmos esse efêmero equilibrar dos nossos pratos.
Os pratos dos outros nos interessam por demais e é dessa forma que formatas a confecção de uma imensa escultura em movimento.
Aquela que movimenta-se pelo assentar do outro e de si mesma.
Um acentuar de vida, na vida que é tão bonita de ser sentida, sonhada e energizada de raciocínio.
Um semear seu, que espera e almeja ver maçãs.
Uma voracidade, uma vontade e a capacidade de ver além da casca.
Esse poder que tens de não desacreditar de um noel que é a mescla do pai com seu espírito

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Pedas


A avenida tem nome de santo.
Nessa São Paulo estão podadas - uma a uma - as árvores todas.
Os fios da contemporaneidade estão vencendo de goleada as belezas dos galhos das frondosas.
A poda pode com tudo, poda de pés de qualquer coisa.
Vão podando nossas asas, nossos galhos, nossa possibilidade crítica e até a nossa vontade de contestar o fato de termos bactérias nos infectando.
De tudo um pouco, acabei de participar da experiência de professar com o professor da história e nossos alunos em comum.
Professamos sobre a bossa nova, sobre o samba das comunidades e o samba paulista.
Claramente não foi apenas sobre essas coisas que versamos sobre.
A docilidade, o encanto, os gestos, as frases, o capitalismo, o jazz e parangolés, dançaram em tema e gracejo.
Tudo versado na base da sensibilidade, do improviso consciente e na participação de ex alunos - esses - que são companheiros de viagem e divertimento emocional até sempre.
A saída desse episódio foi a entrada de todos no desenvolvimento da série.
Que venha a tropicália e todas as invenções de tons, de zés e da gente que tem implicância com o marasmo.
A sua voz foi citada em todos os momentos e instantes de reflexão sobre o trabalho e sobre os pés das coisas.
O teste dos pezinhos.
Trabalhamos na causa da vitalidade, da mágica e do raciocínio.
Trabalhamos na sensível diferença entre uma pergunta lisa e uma resposta um pouco mais rugosa.
A superfície rasgada da conversa sem poda, evoca e assume a internalização do decodificado

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Asas retratos


Prefiro a fotografia ao vídeo.
Refiro-me ao momento do estático e a sua propriedade de termos mais tempo para uma observação mais apurada.
O fundo ali, preparado para transparecer um outro rosto, uma maçã, uma estátua chinesa, um doce.
As imagens em sequência merecem uma atenção repetitiva que tem um outro tipo de encantamento.
O fato é que meu irmão mais moço guardou todas as fotos do nosso pai, juntamente com seus porta retratos. 
Colocou num baú especial, num esconderijo rígido, planos de madeira e gaveta.
Também é fato que achei - pra mim - desnecessária medida.
Outro dia mesmo, observando a foto da familiagem toda reunida, vi o sujeito ali - sorriso exposto - me pedindo uma música.
Toquei-lhe o pedido e toquei.
Retoquei a foto que tinha na cabeça.
Aquela imagem do momento em que o juiz punha um ponto final na partida do palmeiras, num momento raro de vitória, onde eu e ele tocávamos as palmas das nossas mãos em sintonia de sinal.
Toquei as cordas do violão e lembrei-me dos toques da sua mão na minha mão.
Mamão com açúcar.
O fato é que a foto é um registro em papel de um registro mais sublime.
Julguei a medida desnecessária, mas respeito o gesto, gestando ainda mais em mim, a sua imagem perpétua no nosso caminhar direto para casa.
A sua imagem também é a sua, perpétua.
Você que ainda caminha comigo e conosco nessa trajetória familiar, compartilha a mesma rede de energia cosmética, bela e univérsica.
Nós que ainda nos temos a todos, recorremos diariamente à lembrança braçal da fala firme e do toque berrante.
Fizeram questão de fotografar-lhe o reduto de filtragem e - até ali - encontraram preciosas pedras.
Gaveta não tem propriedade no nosso território. 
Reunimos a tropa toda para fotografarmos os detalhes e colocarmos tudo nos nossos asas retratos

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Respiros


Rapidez.
Escrevendo na velocidade do vento, sentindo que lá fora a brisa corre fria.
Intervalo.
Aulas suspensas para o lanche, a merenda.
Corrida contra o tempo em que a educação dizia:
Posso entrar?
Entra, meu filho.
Entremos por esse caminho estreito que nos leva a imaginarmos uma fenda.
Um rasgo por onde passa o desconforto, a violência e a educação virada pelo avesso.
O reverso da medalha ainda é medalha.
Precisamos dela e precisamos enfrentar as ranhuras pressupostas pelo rasgo.
A ideia é exemplificarmos com ações certeiras, vigorosas no vigor do afeto e do olhar carinhoso.
Um berro no meio do silêncio, ainda é um berro.
Berremos sem as cordas, sem as vogais e sem as conssoantes.
Berremos de escrever pra ser lido e interpretado.
Falemos pelos cantos e pelo centro da folha pautada.
Pode entrar meu filho.
Entre nos arabescos presos e soltos pela parede.
Entre nesse contato e entre em contato com o fino trato com que lhe trato.
Um retrato da teimosia do carinhoso.
Teimar no carinho em você brisa poesia.
Um retrato que dá a cara para bater, pintando na paisagem límpida, a tempestade que nos cerca.
Bate de leve no rosto, a ventaniazinha preparando-nos para o conforto.
O confronto acontece no contraste inevitável das diferenças.
O confronto é o acompanhante que nos acompanha de frente.
Frente a frente, com a vontade de peregrinar mais um pouco pelas inconstantes massas de ar, armazenamos.
Armazenamos nossas descobertas e as distribuimos nos abraços.
Respiro assim como respiras.
Nas arestas

domingo, 16 de outubro de 2011

Facetas


Enrolar panquecas.
Técnica sublime, colocando o recheio no centro, dando uma puxadinha para trás.
Quase perfeita ordem, até acontecer a observação perspicaz que ainda poderia sair recheio pelas pontas.
No exato instante salta da memória a folha de repolho sendo dobrada inicialmente pelas suas bordas - laterais.
Essa alta tecnologia é repassada para a confecção das panquecas e tudo torna-se diferente e ainda mais belo.
A beleza da lembrança aprendiz e multiplicadora.
Agora, a degustação do prato se fará explícita na louça e na sua estampa.
A delicadeza da hora.
A sutileza das cores do córtex.
Isso tudo mostra a cara do recheio, nem molhado - nem seco, no ponto do entrelaçamento - face to face.
Esse aparente gringo modo chique de grafia, mostra visualmente a semelhança daquilo que na essência mora, face a face.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ordem alfabética


Um som ligeiro.
Desses que nos pega na repetição do compasso.
Nos faz e fez - fez e faz - dormir docemente.
Até se sonha com esse embalar sonoro, sonador e delicado.
Não ouço vozes - eu vejo vozes nas coisas.
Vejos em todas as coisas e pessoas.
Essas são mais fáceis de ouvirmos de perto, embora, muitas vezes nos coloquemos longe demais para o escute.
Pessoas falam até pelos cotovelos, quem dirá o que falam pelas bocas?
A escolha do repertório tem sido bem mais desastroza do que o preferível, porém é um repertório passível de mudança, uma possível lapidação pétrea córporo espiritual.
Reporto-me ao instante anterior, para fazer melhor - todo posterior encontro.
Encontro na voz das coisas, motivos para encantar-me ainda mais com a voz da gente.
Gente é um lugar propício para a reverberação sonora - não sonífera.
Gente é caixa de som sonhadora, além do sono.
Sonhemos pois, com o nosso compasso repetitivo, que visa embalar o território do bem.
Dizem-me os ricos mais aflitos, que essa história de território do bem é coisa muito piegas.
O que achas tu?
Eu procuro revolver a minha terra pra misturar melhor com a tua, pobre cidadã tão rica.
Mais cedo, o som chegará nos meus tímpamos e mais sins me sonorizarão o peito.
Um som maior, com mais sins do que nãos.
Mais rins e mais mãos, doando mais do que filtrando.
Um zunido atemporal, de origem misteriosa, tem nos revertido sempre para o encontro.
Existe disposição nesse sentido, somando-se os outros cinco e nos carregando de volta, a pilha.
É nossa, a pilha que move a batida fazendo soar outra beleza.
A partir desse delicado toque, essa estética ética, ordena uma sempre nova - desordem alfabética.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Sóis e voz entre as mulheres

Meus olhos foram, mais uma vez, impactados por uma mensagem outidorística propagada por uma instituição educacional:
Diz a coisa que a herança a ser deixada por eles para os nossos filhos será a segurança e o bater as asas.
Vocês já imaginaram alguém batendo as asas de forma segura?
Se existe alguma coisa pouco segura é batermos as asas, dando asas à nossa imaginação, nos encontrando com o nosso mundo à parte deste.
Alçamos voo, e é justamente a insegurança que nos faz encontramos coisas nunca antes imaginadas, ou pensadas.
A segurança nos massifica e uniformiza ao que tantos outros já inventaram e descobriram.
Muitos acham lindo, mas não compreendem direito e - de vez em quando - até têm raiva de quem compreende.
Eu estava a espera do documento licenciador do meu automóvel, quando li nas costas da camiseta preta:
Os filósofos interpretam o mundo, porém o mundo precisa ser transformado.
A teoria e a prática, casadas e lindas na dialética pós dicotomia.
Volto às bodas e fico exercitando as minhas asas, imaginando a expressão da mãe e do filho - esse - o filho de Deus.
A mãe dizendo:
Filho, eles não têm mais vinho.
Ele advertindo:
Mulher, ainda não chegou a minha hora.
E ela, olhando com severa calma para o rosto do filho, dizendo sem direcionar o olhar para os dois servos da festa:
Faça o que ele lhes disser.
Uma amiga não conseguiu atingir o meu mundo paralelo e disse:
Os evangelhos suprimiram demasiadamente a mulher das escrituras.
Disso não tenho dúvidas, mas eu estou realçando justamente a passagem primaz não suprimida, onde é a mulher que dá as cartas e a ordem para o começar de Tudo.
Repito:
Tente reparar nas expressões.
Imagine o olhar da mãe para o filho Deus.
Uma mulher inteira, completa em seu olhar afirmativo, direcionado e vocacionado para ele - o filho:
Faça tudo o que ele lhes disser, porque eu estou pedindo.
É quase a mesma coisa do que amar ao próximo como a ti mesmo.
É afirmativo, simples e só isso.
Basta essa atitude para a transformação do mundo pós filosófico.
Precisamos aprender a sermos sóis e muito bem acompanhados.
O meu espírito se congrega ao seu, namastê, amém, assim ligados como sempre, entre o céu cheio de estrelas atingíveis e as nossas inseguras cordas bambas.
Essas - no feminino - que nos ensinam tanto

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Alquímica mania


O saber da gente é o que se sente, é o que tem sabor de aprender saber-se.
Sentando-me sobre a pedra polida olho todo o vale e sinto que vale a pena.
Não tenho pena de tudo o que o vale oferta, o que tenho é apenas curiosidade.
Sou curioso em saber que estás bem e que estás atenta.
Atento ao fato que me diz que o leão ruge para orientar os passos da floresta.
A flor, esta que nos apresenta na forma de sapiência, tem o perfume que nos diz sobre o caminho espinhoso e doce, que nos cerca os pés.
Cerca com uma cerca leve.
Cerca formadora e pronta para ser superada em seus limites.
A forma com que nos conformamos é digna de uma justa medida, que nos ampara nos instantes de desbravura.
Não nos parece sensato abraçarmos as espadas pouco bravas.
Espadas são instrumentais da brava armadura que nos abraça.
Flores são espadas de são jorge que crescem nos jardins do vale que vale tanto a pena.
A pena escreve sobre você, que nos pelos traz a ancestralidade da terra e do céu, pés e espírito.
Saber sobre mim é um detalhe pouco expressivo diante das marcas que os seus descalços deixam no território seco.
Sentimos que as antenas estão dezenove vezes ligadas entre si e no interior dos gases que nos amparam por todos os lados.
A passagem das bodas na história do Deus que se fez carne pode nos mostrar a transmutação química dos dois hidrogênios e do solitário oxigênio em algo tão fácil de compreender.
Os alquimistas tentam, os românticos transpassam 

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Boca da gata


Falo com o porteiro e ele me lembra sobre o que eu falava em outro canto.
Eu falava para outros tantos.
Eu falava ontem e ele fala agora sobre a Operação Cavalo de Troia - o livro.
São oito volumes, mas para mim basta o primeiro.
Se inventada foi a história, aí existe a prova que a mente humana é capaz de coisas fantásticas.
O livro me mostra isso - por exemplo - na similaridade da visão que eu tenho do filho de Deus, quando esse se fez à nossa imagem e semelhança.
Meu irmão me disse que os três físicos que receberam o Nobel nesse ano, provaram que o universo está em expansão.
Disse meu irmão que eles apenas se esqueceram de dizer que estamos indo de volta para a nossa casa.
De toda essa informação, desde a troiana porteirística até a expansão univérsica, o que me enche realmente os olhos e a alma, é a que me remete à volta pra casa.
O micro e o macro - amalgamados.
Me enche a alma e os olhos, a escolha pela vida simples, além dessa complexa engenharia.
Essa lida resvala na convivência.
Não vivenciamos sozinhos na nossa preferência.
É nas relações que nos colocamos à prova, nos referenciamos, nos aproximamos das alegorias e das profecias próprias e coletivas.
A minha simplicidade deve ser compartilhada e pode não ser a mesma do outro.
A do outro é de uma necessidade quase perfeita e singular.
O moço que falava em parábolas era - sem dúvida - um sujeito bem humorado e crente na esperança, assim o livro o apresentou a mim.
Contaram-me que no jornal televisivo mais visto desse Planeta Brasil, foram mostradas as imagens gravadas que contam sobre a intensidade da violência temporal.
Uma tempestade que busca acostumar os nossos olhos a viver sem guarda-chuva.
Eu, poliano como nunca, poetizo sobre essas bagunceirices das crianças malvadas.
Quintana escreveu:
Se as coisas são inatingíveis, não é motivo para não querê-las. Que triste os caminhos, se não fora a mágica presença das estrelas.
Rapidamente um aluno me disse:
Meu Deus! Se esse poema caísse na prova de Literatura eu não teria entendido nada.
Como me parece rico, simplesmente perceber que nos encantamos com as estrelas - que ficam distantes - fisicamente intocáveis - e o encantamento que traz, fazendo-nos querer ficar observando o céu para ver se alcançamos alguma graça.
Eu acho tudo isso engraçadíssimo, cheio de graça, posto que a dificuldade é grande, mas a nossa boca tem sorriso largo

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Lavamos roupa todo dia

É claro que tinha que ser a branca.
Todos nós devemos passar - vez por outra - por situações delicadas, mas isso não significa passar por saias justas, injustas.
Passarmos por isso significa colocar delicadeza nas situações complexas, já que nas simples é muito mais preciso.
A suavidade da veste branca que tremula amassadinha sobre o corpo, revela a significância da sua sutil inteligência.
Passarmos compreende aprendermos.
Não precisamos estar todo tempo nessa chuva de fogos de artifício, mas quando o ofício da arte necessitar de transpassadores, transpassaremos.
Esse é um corte que cola a ponta com a ponta.
Circula, círculando entre os avessos e os direitos, proclamando a eficiência do esquerdo.
Guardamos e doamos, pelo esquerdo cárdio exemplar.
Atravessamos a chuva fina e observamos a nossa nascente.
O brilho do sol nas polidas portas do armário, nos motra claramente os dois objetos que flutuam sobre o encantamento da madeira simulada.
Pairam suaves os dois objetos próximos - verdadeiros.
A essência do encantarmo-nos com essas coisas, está em nos sabermos não únicos nessa observação, que inclui tudo o que parece com o ser das coisas.
Não somos únicos, mas simplesmente semelhantes aos poucos que revelam-se.
É claro que é o branco.
Estás vestida com os tecidos estampados pela fé, enquanto passeias pela corredeira delicada.
Ao largo, eu caminho aprendendo com as ondas das suas vestes.
O vento que provoca o movimento sublime e límpido, traz a areia e a água.
Essa argila aparecida modela nossos sonhos verdes, trazendo o sabor da folha preparada para os desenhos expostos no nosso varal.
Nossas roupas penduradas não carecem de prendedores

domingo, 9 de outubro de 2011

O âmago


O universo em expansão.
Uma maravilha de movimento, espiralando no céu, como um mapa, assim como espiralando está em cada um de nós.
Movimentar-me é a recomendação, devo exercitar-me.
O porteiro tranquilo, já safenado, me diz que tudo menos isso.
Da picanha engordurado ele desiste, mas se depender dos exercícios!
Exercito meu desenho sobre o brim e brincando vou colorindo a afirmação da querida.
Exército existe de todo tipo, porém fico com a frase de um professor de antanho:
Para você fazer parte do meu exército, basta não vestir meu uniforme.
A uniformidade nem existe, a não ser que imposta e de imposto, basta aquele do esquecimento.
Faz parte da idade, porém, em expansão estamos crescendo e crescendo vamos buscar aprimoramento dos sentidos.
A delicadeza do sentimento, a fragilidade no contato com tanta carga.
O porteiro abre uma única porta.
Sempre aquela.
Pede para que façamos apenas uma jogadinha na fechadura - para que ela, elétrica - possa realmente ser aberta.
Essa jogadinha parece-me o segredo completo.
O funcionar elétrica ou mecanicamente seria simples demais, na simplicidade de tudo o que conhecemos bastante.
Viver em comunidade não é tão simples.
Menos simples é compreender, que as coisas que pedimos e buscamos nesse caminhar terrestre, pouco ou nada tem a ver com o espírito da coisa

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Fio de corte e cola


Um garotinho estava com o pai no carro da família.
O automóvel parou no sinal, ao lado do espaço onde havia a demolição de uma casa.
O menino de olhos atentos e coração mundo, falou ao pai:
Papai, estão construindo um terreno.
A moça que ouviu essa história, contada pela boca de uma amiga, disse que logo pensou em mim.
Será que isso deve-se a eu ter acabado de ler um livro que fala sobre a necessidade de alimentarmos sempre o menino que há em nós, para o rejuvenescimento da alma e do coração?
Esse filho está construindo o seu terreno com fertilidade latente.
Caminho com meu carro sobre a avenida que mostra a vitória do fio contra a árvore grande.
A frondosa foi cortada aos tocos, de topo.
O antigo dando lugar ao novo nem sempre é uma dádiva histórica.
No caso do menino amadurecido pelo verso, ele mostra que tem a cara e a coroa.
O humano que há em nós deve subverter-se.
Verter-se em esquisitices alimentadoras, tal qual o presente de leite que ganhei da filha, cuja marca é simplesmente: Esquisitices da Vila.
Incrível essa capacidade que temos de adocicar as nossas vidas e as nossas vilas com novas histórias.
Antigamente a gente era gente pelo coração e novamente isso insiste.
O antigo e o novo estão por um fio.
O que se aproxima do outro abraçando-o em nós

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Quase fanta



Por que tudo tem que se parecer com alguma coisa?
Pergunta feita por uma aluna para uma colega de classe que havia acabado de perguntar:
O que é isso?
Para quem ainda não se deu conta, tratava-se de uma imagem produzida por um outro colega.
Pergunto eu de forma mais categórica:
Por que tudo tem que se parecer com alguma coisa?
O parecer-se com alguma coisa tem a limitação de estarmos sempre referenciados pela realidade.
Que realidade intensa - é essa - pela qual passamos nos dias que nos atravessam.
Uma realidade televisiva e andante.
Andante de atravessar as ruas e as câmeras.
Onde começa a ficção e onde está entrevada a realidade não sabemos e não precisamos mais saber.
Não interessa, apenas importa, importamos nós e se importam eles.
É isso aí, é isso aqui e acolá.
É isso e aquilo e aquilo outro.
Parecemos todos com nós mesmos e com os outros todos aparentemente diferentes.
Adoro a imagem que meus olhos atencionam, depois que chego no andar plano, após ter subido uma escada circular - na rodoviária de São Paulo.
Os olhos põe atenção numa multidão de diferentes.
Difere-se a multidão, em calças, meias, sobretudos, sapatos, chapéus, chinelos, estampas e é tanta diferença que parece ser tudo igual, frente a frente, ante meus olhos cinquentões.
Adoro, afinal ao tentarmos retratar toda essa coisa e todas suas situações e posicionamentos, podemos optar por algo que nem isso parece.
Parece aquilo.
Um outro aquilo, um aquilo outro.
Aquilo que ainda não tínhamos visto, tanto como inexistia.
Existe agora, saltitante aos olhos e dançante na fantasia.
Com certeza é por tudo isso que as vestes que colocamos para deixarmos de sermos nós mesmos chama-se fantasia.
É fabulosa a fábula que conta sobre o casamento do fantástico com a fantasia.
É quase lindo e quase feio, crermos e sabermos que somos os diletos filhos, de tão inderterminante casal

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Prafrentex


Uma mocinha prafrentex hoje me disse:
Eu adotei a rede social Real Life.
Que maravilha as pessoas prafrentex realizarem suas vidas.
Um leão andando pela selva ensinando o mundo a viver a vida que é gonzaga e é bonita, é bonita e é bonita.
As coisinhas virtuais têm suas belezas, mas a real idade das coisinhas tem uma lindeza especial.
Pra frente é que se anda e a sua tristeza me afeta na lembrança e me espeta na coluna, assim como um estirar de músculo.
Caramba, pudesse ela ficar deitada no descanso, seria a glória do nascimento moz, maior.
A modelagem de fio de arame é um ritual fantástico e a planificação do desenho feito com barbante sobre papel segue a mesma toada fantástica.
A fantasia dos fios é uma andança dançante, como a do beija flor que flutua no espaço com o sangue quentíssimo, pelando.
Os diferentes materiais do fio implicam numa amplitude de possibilidades de resultados.
Assim caminhamos na floresta, vislumbrando uma mudança radical nas paisagens.
Resultado natural da mudança de geração, gerando uma carga nova de possibilidades e oportunidades prafrentex.
Não existe artista burro porque pra gerar advertências com resultados é necessária maquinação mitológica cerebral.
Penso que a burrice está no empacarmos numa ideia que não nos pertence.
A nós pertence a selva - nela e dela - faremos a morada pra nossa inquietude selvagem e santa

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Roda gigante com três furos


Outro dia fiquei sabendo que as faixas para pedestres com fundo vermelho devem ser totalmente respeitadas pelos motoristas.
Pensei de imediato nos automóveis, como grandes bolas de boliche, fazendo strikes nos pinos totalmente desavisados sobre a natural imprudência humana.
No mesmo dia, observei uma jovem senhora estacionando rigorosamente sobre a referida faixa vermelha.
Ainda não totalmente satisfeita, ela foi logo atropelando um cone posicionado à sua frente.
Descritível a cena, porém quase inacreditável.
Conseguem imaginar o estrago feito nas pessoinhas sossegadas atravessando na faixa de fundo vermelho? 
Ouvi a frase: O papai faleceu, às 3 e 33, assim como comprei duas bandejas de queijo que custaram - cada uma - R$3,33 e hoje no banco, a minha senha foi 333.
Concordo com o povo amigo que me diz que isso acontece porque eu fico prestando atenção.
Os pinos de boliche são desatentos, ou creem demasiado no altruísmo das bolas furadas?
Espelho-me na inteligência das horas e na abstração da quantidade das coisas.
Quem diria que cento e sessenta e nove laranjas seriam 169?
Só diria esse povo, que despertou do sono profundo e inventou de dar nome e números as coisas situacionadas.
O acionamento das situações é imprescindível pra quem não para quieto.
Não apenas as pernas são inquietas, como tudo que temos de direito, se mexe.
Parar pra que, se o mundo inteiro se mexe?
Imagine se parássemos um pouco e sentíssemos a Terra girando em torno de si mesma.
Não.
Já chega a jovem senhora que gira, gira e gira, e permanece imóvel, em torno de si mesma.
Também tenho esse péssimo costume, mas gosto de esquecê-lo em casa, de vez em quando

domingo, 2 de outubro de 2011

Esperas


Veja se você acompanha - grudado a mim - a minha escalada pensamental sobre a reportagem que mostrou  a experiência de quase morte.
Encontrei ali algo que me remeteu à uma espécie de Mitologia cerebral.
Só se volta pra essa pureza mundana se o cérebro ainda funciona.
Desta forma, num ritmo acelerado as imagens gravadas e guardadas, vão aparecendo pra pessoa que está no meio do caminho.
Cristalina, essa informação desceu como uma luva - como se impulsionado pela ação da gravidade - pra dentro da minha cabeça e do meu coração crente.
Quando se volta, tem-se uma história pra contar.
Principalmente a história que fala sobre a enorme e ofuscante fonte de luz, sobre a qual todo mundo ouviu falar a vida inteira.
Todo mundo guardou a imagem e a gravou.
Nada disso, que diz sobre a ciência e a efemeridade da vida útil que temos nessa terra, me faz preferir esquecer a crença nas coisas mágicas da nossa casa.
Simplesmente me encanta a clareza existencial e técnica da capacidade do nosso cérebro.
Continuo adorando a frase do nosso Águia de Haia que diz que há mais mistérios entre o céu e a terra do que a nossa vã filosofia e assim, seguimos quase vivendo, ou quase morrendo.
Eu e você, você e eu.
Idolatro o Pessoa, mesmo entendendo que ele escreveu diferente do que ele quase vivia, vivendo como quem estivesse quase morrendo.
Um grande amigo sempre me diz que a morte nos absolve.
Algo me diz para que creia, mas sigo auto absolvendo a minha absorção dessas esquisitices todas.
Vejo uma maçã sozinha, esperando vermelha, amarela e verde.
Espera o que a maçã?
Digo que ela espera que alguém a veja e a tenha, muito mais além, do que ela simplesmente representa

sábado, 1 de outubro de 2011

Brincadeiras


A dor de um músculo esgarçado, quase rompido.
O ideal seria repouso absoluto.
Ágil, o corpo não suporta a parada, a cabeça tampouco.
Dói a ideia.
Quando a ideia dói, as lembranças guardadas do passado e do futuro, rosnam um presente de uma realidade gritante.
A ideia vai doer um tempo.
Enorme para quem não espera e nem para.
O produto de tudo isso não se sabe em forma.
A forma surgirá quando a recomposição não repetir a conformação anterior.
Não se sabe como, sabe-se apenas que - por hora - a dor não passa.
As horas são oficineiras de um relógio marcador de coisas que nem sempre nos agradam em sintonia com a nossa forma.
A forma do pensar construido.
É na forma que a ideia acha jeito, pra por certa ordem na matéria da desordem