quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O largo


Vou repetir:
Uma palavra leva a melodia para um outro canto.
Tum, tum, tum.
E dessa vez não é o tum do coração, ou coisa parecida.
É o seu tum tum tum sem vírgulas.
E ainda se encerra com um tcham tcham tcham que não se parece em nada com o segura, ou qualquer outra lâmina.
O fio de uma navalha palavreada, que corta as sílabas e acaba não descartando nada.
Nem a sobra e até o que ainda restar dela possa.
A finíssima dádiva que passa pelo divã e alcança a diva e mesmo assim só alcança de ponta de dedos.
A voz.
Um tum e outros tantos.
Um tom só, agrupado, engalfinhado, amálgama de zuns.
Um tocar de tambores que ouvimos de longe, afinados na tamanha afinidade tanta.
Mãos direitas e esquerdas quase tocando os arcos que esticam o couro.
Um toque total e mensageiro.
Aqui estamos - ao largo

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Romarias


Recebo a mensagem:
Ter boa saúde não significa estar bem o tempo todo -  mas sim - dar-se o direito de desequilibra-se harmoniosamente.
Lembro-me de imediato da frase que musiquei numa tarde iluminada pela esperança:
Confundir as vozes que confundem o poder de dar corda bamba aos pés.
Poder desequilibra-se.
Pensamento paradoxalmente harmonioso.
Harmonioso sentimento.
Poder pensar e sentir na harmonia do desequilíbrio.
Esse foi o mote do texto de ontem, qual seja, a conquista do equilíbrio através do diferencial da arte.
Diferencial que origina-se na diferença proposta pela coisa fora da ordem.
Alguém aí que está lendo, ainda suporta nos ouvidos e nos olhos a expressão sustentabilidade?
Claro que existem os autores e leitores que escrevem nas suas bandeiras essa digna palavra, porém eu absorvo dela a repetição de uma massa cumpridora dos seus desdeveres.
Que seja assim, posto que é chama e seja eterno enquanto o interesse por isso, dure.
Sustento a tese que a busca pelo equilíbrio é tanta, que não há ninguém que não fique tão exausto, que desta forma não o possa alcançar.
Vale a busca, até aquela que atende pelo codinome google.
Espero exausto, não alcançar outra coisa que não seja a pintura, o desenho, a modelagem do arame e a escrita torta e desequilibrada.
A letra cursiva proporciona a rapidez necessária ao desequilibrar das mãos equilibradas.
Talvez seja por isso que cada um tem a sua letra, o seu modo.
A nossa cursiva segue o nosso curso, as nossas instabilidades, as nossas romarias - enfeitadas no andor misturado - que mistura as belas romãs e a sapiência da leôncia maria

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Oucpacional


Tanto já se falou e escreveu sobre a preocupação.
Ocupar-se bem antes do acontecimento.
O mais sábio é não darmos a mínima para essa ocupação anterior e apenas acrescentarmos ocupação  quando o fato real se apresentasse.
Nós iríamos sobre ele e viveríamos de fato.
Belas palavras soprando dentro dos meus ouvidos, porém etéreas demais para aprofundarem-se nessa alma cheia de medo e futilidade.
Mesmo assim é bonito adquirir experiência anual e poder tripudiar sobre essas agruras minhas.
Agruras que acabaram por tornarem-se obsoletas, cheias de um nada especial, afinal eu vivo e vou entrando nos espaços vazios das tábuas que enfeitam o chão, mesmo que suspirando entre uma preocupação e outra.
Bonito foi quando eu disse para os meus alunos que depois de mil anos eu consegui enxergar que o nome da linguagem das Libras deve-se ao fato dela ser a Linguagem Brasileira de Sinais.
A classe toda, com rosto de ocupação intensa gritou:
Nossa, é mesmo!
Assim se faz a surpresa.
Faz-se parecida com aquela que me fez observar que ariam - pelas sílabas - é maria ao contrário , que a romã é a fruta do amor por ser romã, amor ao contrário e faz-se também por não ser surpresa alguma saber que tudo isso não acontece por acaso.
Ouvi essa frase rebelde, no fim de semana:
Tudo o que acontece não é obra do acaso.
Se por acaso você ainda não observou, o acaso é a nuvem que você acompanha com o olhar e é também a nuvem que faz - na pintura - olho do humano sempre lhe acompanhar

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Descobrindo sinos

O reconhecimento do desenho.
A reencarnação do tingimento muito além do preenchimento do espaço.
O branco reinando na luz - e essa - revigorando as crinas.
Mais que o vento, o essencial é que move as linhas e dá sentido aos cabelos, aos pelos, aos cílios e às novas curvas que surgem no desenrolar da dança.
Uma ode dançante movida pela inteligência de uma guerreira que na exatidão da espada planta as raizes, que na distância dos olhos, aparentemente são secas e neutras.
A aparência pouco importa já que a importância está na importação do sentido da ressurreição do estímulo.
O desenho se reconhece na estampa e no estampado.
A cognição dela está apta a rejuvenescer os dedos e as pinças, e ela vem da cachoeira de ideais.
Parece que há um vale inteiro de grande valia.
Parecer só não basta.
Há.
Um artigo definido pela femilinidade do rei da floresta.
A.
Existe uma viga sobre a outra e essa sobre aquela.
Estrutura que sugere as transformações do verbo, interfere nas experimentações das letras e envolve as sonorizações dos canarinhos.
Passando entre as malhas do algodão a sua luz me redescobre, descobrindo a semelhança dos sinos

sábado, 24 de setembro de 2011

Condicionadores


E o cara quer entender os condicionadores da mulher.
Sem condição de entendimento, assim como a afinidade incondiciona.
A embalagem pode vir do baú, da estante, da porta do armarinho.
Não importa a origem, o condicionador é a surpeendente incógnita.
Como nos fascina a surpresa, nos encanta a incondicionalidade da afinação.
O gostar de fazer perguntas a si mesmos, nos anima à inflamação da curiosidade.
Verifique que existe aí uma negação da flama, do fogo, da necessidade do ardor.
É apenas uma fagulha que faz aguçar o interesse por condicionadores.
A oleosidade da pele, parodaxalmente é a sua proteção, entendendo que também faz-se pele, o couro cabeludo.
Desta forma, minha cabeça está condicionada ao champô, ao xampu e ao shampoo.
Condicionados estamos ao colinialismo e aos padrões de entretenimento.
Ontem, a moça disse translado como condição de repetição, porém o correto é traslado.
Foi dessa forma que fui aprimorado pelo meu aluno, já que eu sempre pensei que o certo era namorar com, porém ele me advertiu que não se namora com, namora-se a.
Enfim, sem fim.
Aprendizado eterno na nossa condição humana de aprendizes de feiticeiros.
As mulheres mais sábias fazem o traslado entre os condicionadores todos, já que a diversidade das marcas, dos cheiros e das surpresas, as encaminham para condições bem mais favoráveis.
Você é a favor do vento que movimenta suas madeixas e a favor de não condicionar-se a nada que não lhe ventania

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Extra extra


Que rufem os tambores.
O rufar é toado na repetição fina do movimento das baquetas.
Fomos acostumados a relacionar esse toque com um final trágico.
Preparar.
Apontar.
O fogo saindo pelas ventas, só porque a juventude não conhece a expressão: Quem semeia vento, colhe tempestade.
O conhecimento das coisas serve de referência aos passos das pessoas.
Conhecer o vento, a tempestade e o verbo semear que vai jogando as sementes no chão para que produzam frutos transgeniais.
Que ótimo conhecer a surpresa e o fato surpreendente.
Poder ser surpreendido pela ocasião do feijão pronto para ser escolhido.
Observar o grão ainda duro, durante a sua estada sobre a mesa, porém ainda desamparado da cumbuca.
Proponho uma solução simples.
Vamos colocar mais água no feijão, já que somos compostos por mais de setenta por cento desse líquido milagroso.
Miraculosa benção de não esperar nem um centímetro mais do que aquilo que as pessoas podem oferecer.
Não esperemos portanto.
Vamos dando linha para que as pessoas fiquem conhecendo o carretel.
O gato e a gata conhecem o novelo na brincadeira do movimento.
Movimentamos a @>--*--- nessa primavera não estacionada.
Bicamos docemente os símbolos a fim de nos orientarmos pelo ponto delicado.
A * folha presa no caule fino, revelou-me há bastante tempo, que é asterisco e não outro som.
Um detalhe de atenção, uma fábula urbana.
Que fabuloso é tocar as letras e ouvir nesse toque, o barulho do rufar da sua verve extraordinária

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Muda


Pouquíssimo barulho.
A afinação timbrada.
Um som reverberado, reverberando, reverberando em mais e mais e ainda mais.
A afinação da afinidade é um carinho do tempo.
Eternamente soado sem ser suado, sem ser movimentado na exaustão, sendo simplesmente afinado na afirmação.
Nossas afirmações são severas, porém sem rigidez ou brusqueza.
Fui ao dicionário e achei o silo, pensando docemente sobre o lugar que guarda as vagens, as coisas de vida verde e acabei achando os gregos poemizando satiricamente.
Afinidade com o pensar bem junto sobre coisas que pouco se pensa em separado.
Isso nos parece qualidade de vida.
Um aluno perguntou-me:
O que você acha que há entre o bem e o mal?
Foi o tempo de pensar bem pouco e ele achou a resposta pra mim:
A vida.
Essa coisa atemporal sempre sujeita ao bem e ao mal, domesticada pela nossa humanidade sob medida.
Escarafunchei na minha insignificante - com o prefixo in ainda introduzindo - e afirmei que qualquer atentado à vida é ação maligna.
Fazemos mal quando atentamos contra a vida.
A vida permanece sendo esse terreno propício ao nosso fazer bem feito.
Temos afinidade com ela, sabendo exatamente sobre a sua infinitude - desta feita com o prefixo in retornando à sua origem que nega o resto da palavra.
Infinitude de atitudes simplesmente definitivas e definidoras do mapa sem fim.
Mapa em eterno descobrimento, eterno calor jogando as colchas.
A afinidade já nasceu muda, e muda cresce na nossa vida, totalmente desprovida de finalidade

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Silo de silêncio



Muito barulho.
Estou imaginando o silêncio do menino - que com um arame fino - sustentou pela base do mesmo arame, um pinguim metalizado.
O silêncio barulhento que o fez imaginar um fundo diferente para o bicho de contorno metálico.
O estopim aconteceu quando eu pedi para que todos os autores, fotografassem os ditos objetos de metal, feitos imitadores de coisas da realidade.
Os fotografassem em casa, usando um lençol branco como fundo.
A neutralidade do branco para metais escuros e do preto, para arames mais claros.
A realidade é que do silêncio, o menino fez um cenário ultrarrealista para o seu trabalho.
Pensou na imagem que habita os polos, norte e sul, para fazer costas para o seu animal domesticado.
Assim nascem as ideias.
Do silêncio intranquilo daqueles que meditam um pouquinho mais sobre o exemplo pequenino dado por aquele que professa.
Aqui faz-se um barulho do cão.
Aquele que faz com que Jesus não durma seu sono justo.
Encontro-me pensando no silêncio que existe no caminho do seu braço, desde a parte baixa do seu ombro

domingo, 18 de setembro de 2011

A truta e seus espinhos


Tenho preguiça de comer as partes do frango que prendem-se aos ossos.
Por tudo isso só como o peito, que as pessoas insistem em dizer que é muito seco.
Ontem perguntei se a truta peixe tinha espinhos na hora de ser encarada como guloseima suculenta.
Anunciou-me o procedimento do garçom:
Ele apresenta na mesa a truta já assada e numa atitude só, arranca-lhe a espinha inteira.
O prato serve a duas pessoas.
A vida do artista é sua obra inteira e vice versa, expressa numa linguagem, duas, ou múltiplas, não importa, a vida do artista é sua obra e vice versa.
A truta assada sem espinhas é uma iguaria alemã embora não me pareça tanto.
O parecer das coisas e sua perecência.
O perecer das coisas é algo que não boto crença.
Creio mais no pensador francês que não arriscarei escrever o nome mas riscarei escrevendo-lhe a ideia:
Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.
Adoro isso bem antes do termo sustentável, assim como adoro o papelão, o barbante e a fita crepe.
As coisas não perecem já que retornam na aparecência através de um tipo de representação ou outro.
Re presentar é apresentar de novo.
Apresento a vocês a ideia de ser o maior produtor de obras de arte de todos os tempos.
Não eu, o Picasso, o Pablo, o senhor Ruiz, enfim, alguém que fez da vida uma obra e vice versa.
Um desenhista maravilhoso desapareceu sendo químico.
Reapareceu em pequenos cadernos guardados pela família.
Eu não tenho tanta preguiça quando vivo o meu andar sobre as cordas arteiras.
Rodas bambas das rodas de bamba.
Não tenho preguiça de comer truta sem espinhos

sábado, 17 de setembro de 2011


Se fosse do seu interesse você abriria, um beijo e tchau!
Ouvi essa frase solta, dita através de uma conversa celular, quando eu estava sentado numa poltrona do ônibus que me trouxe a São Paulo.
Sempre chamei essa história repetitiva de nosso egoísmo capital.
Uma forma de pecado original.
Normalmente o interesse é imperativo.
Na maioria das vezes, o egoísmo é visto como algo de péssima aparência.
Penso que nem sempre é assim.
Explico:
As vezes nos interessa por demais fazer o bem aos outros, como o bem estar de poder deixar uma pessoa feliz, aflorando o nosso egoísmo feliz.
Porém, no caso descrito acima, o rapaz ficou bastante irritado, pois ele esperava uma outra atitude da pessoa que ele havia pedido um favor.
Mesmo assim, mandou um beijo rápido e pronto.
Talvez ele tenha, como eu, esse novo conceito de egoísmo já entranhado, possibilitando uma espécie de conformação diante dessas atitudes ego.
Parece não haver outra forma, senão essa agoísta, de enfrentarmos todas as ações que promovemos.
Desta forma, recebemos sempre na mesma moeda, o troco.
Sempre me alegra a frase:
Todo o bem que fazemos aos outros, recebemos em dobro.
Adoro o fazer egoísta que não espera ganhar o céu, ou a vida eterna, no instante que provoca a felicidade dos outros

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cem motivos


Cem folhas é o suficiente para que possamos desenhar as coisas do mundo inteiro.
Cem folhas sem nenhum grafismo e com todos eles.
Sem especificação de sonho ou razão, avançamos desmedidamente sobre a imaginação fazedoura.
Cansada de desenhar bonito, a menininha fez mais bonito ainda.
Grafou um ponto perto do vértice superior esquerdo da folha retangular branca, colocou um outro ponto no centro e batizou a obra com o nome: 
Três pontos.
O ponto extremo que alcança a nossa trajetória pensante.
O agradecimento feito dessa maneira, nos faz reagradecer com uma honraria do espírito.
O cartão que recebi  - e não só eu - nos enche de certeza na prevalência da firmeza da graça gentil.
A gentileza de um traço refinado.
Um caderno de desenho.
Cem folhas

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Dessurpreendança


Um espaço vazio totalmente preenchido por um preenchimento feito por aquilo que não temos ciência.
O tudo o que está não surpreendido dentro de cada célula, ou do conjunto delas.
Essa dessurpresa instiga mas não deve ser foco problemático.
Deve ser algo entregue aos instantes.
Esperança de que em algum momento, sublime.
Que possa elevar-se ao ponto da expressão surpreendente, grafada num desenho, numa prece, ou numa oração subordinada.
Não posso esquecer-me que estou em luto.
Nesse lembramento, um artista coloca a mão no meu peito e diz:
Não tire ele daqui, permaneça com ele aqui.
Não há como tirar o jeito, os feitos e os feitios.
O artista é um ser iluminadíssimo que não encontro sempre, sendo que o encontro muito, de vez em quando.
Que importante encontrá-lo.
Um sujeito que desperta, assim como desperto é o secretário da minha mãe que milita pela memória espetacular.
Esse que agora repousa na nossa memória um pouco menos brilhante.
Assim é o mistério que envolve a dessurpresa.
Que ela possa um dia nos surpreender de alguma forma.
Da nossa parte, vamos intencionando o nosso poder de surpreender pelo inevitável.
Fala-se e questiona-se a fumaça.
A garota a coloca na mira

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Acordar de um sonho inacabado

Será que alguém contou para certificar-se que eram mesmo 222 textos escritos até aqui?
Certamente são.
Textos, também são aqueles que persistem na memória daqueles que os leram, antes que fossem deletados num momento de liberdade artística desse autor que vos testa.
Esse autor de proezas de tamanha magnitude tonta e abusada.
Arte é algo que não se faz na escola, afinal, em arte pode-se tudo.
Ao ler tal afirmação lembrei-me daquela brincadeira que o jovem faz, desenhando um pipi na cadeira do colega.
Quando ele se senta:
Oh!
Essas anedotas persistem nas salas de aula de todos os tempos e também nesse, é claro e hilário.
Coisas de artistas mirins que desbravam as fronteiras da liberdade e da libertinagem.
Um jovem amigo, recém saído de aluno, desenhava e escrevia livretos sobre bandas para vender para os colegas, a troco de comprar salgadinho na cantina.
Brinca-se de todas as brincadeiras e de todas as artes nas salas de aula, histórica e geograficamente.
Hoje brinca-se mais sozinho, escondendo entre as pernas os celulares projetados para o envio de torpedos e outros tantos jogos individuossociais.
No final - segundo um pensador pedagogo - haverá sempre dois tipos de trabalhadores: os de atividade repetitiva e os simbólicos, criadores.
Segundo ele, um tipo não exclui o outro e segundo eu mesmo, esses trabalhadores do futuro, já somos nós e são os nossos alunos sempre contemporâneos. 
Veremos toda essa massa trabalhando para dois ou três.
Massa da qual também eu faço parte, já que escola é algo que não terei por não ter nenhuma querência.
Agradeço a vós, por despertar em mim aquilo que nós sempre quisemos mostrar transparentemente, na competência carismática que nos foi outorgada e que - de uma forma ou de outra - nos será cobrada.
Cotidiana cobrança nossa, ao fazemos e refazemos as linhas, as formas e as cores, que decoram as paredes dos nossos aparelhos digestivos e respiratórios.
De coração ofertamos um pedaço grande de arame sem farpas.
Algumas delas, as farpas, tentamos aprender a moldar sem as pontas.
De coração repartimos a simbologia e o significado

domingo, 11 de setembro de 2011

Escrita


Esse texto é o expresso 222.
Eu adoro poder expressar de forma escrita, seja essa escrita da forma que ela for.
New type, novo tipo, tipologia contemporânea.
Seja qual for o tipo, a ideia de escrever me encanta.
O seu gesto manual que toca com delicadeza todas as coisas, também te leva para os mais variados lugares, mesmo que o lugar que estejas esteja sujeito aos ruídos todos.
Essa figura da sua linguagem, me oferece o vocabulário necessário para desenhar essas linhas.
Ter como ferramenta o seu manual aleatório, torna tudo o que a minha mão escreve, uma árvore inesgotável de galhos inquebráveis e brotantes.
Inesgotável é um gotejar persistente que não para de ajudar a fazer brotar palavras, esses frutos da significância daquilo que vejo, problematizo e resolvo grafar

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Montagens


Desenhos.
Pinturas.
Emoldure tudo isso com duas placas de papelão encapadas com pedaços de papel jornal.
Cole tudo eternizando a bidimensão ou evoque a tridimensionalidade da diferença.
Se o que professa pede para que você cole tudo para que fique bonito e bem feito, refaça tudo de forma que o bem feito aproxime-se mais da sua querência aparente.
O seu querer é bem feito e transparente.
As notícias misturadas com cola de farinha traduzem o empenho que a moçada coloca no alto falante.
Na hora que tudo sobe pelas paredes, tudo isso vai elevando-se no espírito e na carne das coisas.
É o instante onde as almas se traduzem em coisas variadas.
O conjunto dessa esperteza produz um mapeamento das variedades das pessoas.
O mapa que me interessa é repleto de grafismos deliciosos que me levam a muito lugares.
Esses muitos lugares nem são tantos.
São os mesmos que colocam a crença na boniteza dos gestos todos que formam a dança não coreografada.
A coreografia da montagem é uma consequência do ser leve, porém nunca nebuloso

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

força


Não é necessário acreditar.
Uma mulher que tinha hemorragia havia doze anos, tocou a barra da veste de homem e foi curada.
Não é necessário acreditar.
Uma multidão cercava o homem e não havia como não tocá-lo.
Foi ele que disse:
Eu senti uma força sair de mim.
Outro dia, alguém escreveu no título e na letra de uma música, doada para que o rei cantasse:
Força estranha!
Artistas costumam ser pessoas estranhas, e que bela estranheza essa, que não necessita de crença.
Uma força sai de ti simplesmente pelo fato de não haver outra condição.
Uma força que precisa de pouco, já que de tão precisa, simplesmente age, faz e acontece.
Força estranha essa, que não é estrangeira, pois pertence a um só chão, esse que não pertence a ninguém e é de todos.
Não é necessário que se creia

terça-feira, 6 de setembro de 2011


Um dia após o outro nos modifica na proporção do tamanho do buraco no qual tropeçamos.
A menina norte americana tem dificuldade para ler a letra cursiva escrita na lousa pelo professor, porque no seu país de origem, todos os professores dão aula com slides do power point.
Não existe mais lousa nem giz.
O ponto de energia forte dessa questão, é o que me faz pensar se as ideias serão afetadas por esse sistema.
A cultura do tudo pronto nos impede quase totalmente de termos iniciativas próprias?
Até que ponto a nossa capacidade de grafar símbolos em superfícies nos torna mais hábeis a termos ideias próprias?
A minha vibração total é poder estar no centro desse furacão maravilhoso e poder perguntar:
O que será que tudo isso poderá alavancar em forma de ideais curiosos e criativos?
Tudo ter a mesma cara, parece-me pequeno demais para as nossas possibilidades de belezas éticas e estéticas.
O grau de bobeira linda, que um artista, ou um artífice tem, é a moeda de troca forte que ele possui para escancarar aquilo que alguns poderosos pretendem esconder nas entrelinhas do: Isso é ótimo para todo mundo - ou então - Olha, que avanço e que evolução. 
Tenho certeza que - em um tempo menor do que podemos prever - todos estaremos alfabetizados e escrevendo apenas através dos teclados, sejam eles quais forem, ou estejam eles dando suporte para o quê.
Já escrevi e repito que o meu maior aprendizado num curso sobre Arte feito à distância, foi que em Arte não há evolução, o que tem que ser feito agora, é agora, o que teve que ser feito nos tempos das caravelas foi feito no século dezesseis, portanto, não devemos nos valer da ditadura da História da Arte sequencial, mas sim, misturarmos tudo para ver se produzimos algum sentido.
Como já previram os titãs, é tudo ao mesmo tempo agora e eu ainda estou caminhando sobre esses trilhos urbanos.
Acabei de ler o termo Peixe Urbano, num outdoor que falava sobre compras na cidade, e percebi que tratava-se de mim mesmo, pronto a ser fisgado pela fome midiática

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Direto ao pronto


Quantos foram os pedagogos do estado de Indiana que tiveram a ideia de alfabetizar as crianças com o teclado, abolindo a caligrafia cursiva?
São pouquíssimos os que dão forma as coisas - que muita gente no mundo inteiro - começarão a desempenhar pensando que estão formando e agindo por conta própria.
Conta própria, portanto, é algo que não existe e isso também não é da nossa conta.
Tudo é social, mesmo que o social seja pensado apenas por alguns dotados de poder forçativo argumentório. Tal mísera parcela é capaz de gerar a cultura do pronto.
Alguém apronta e pronto!
Pois que seja eu a oferecer o pronto, já que eu acredito piamente que o pronto jamais estará acabado

domingo, 4 de setembro de 2011

É de burracha.



Cunversa é cum a gente mesmu.
É de burracha.
Nosso coração fica repleto de tudo e mais um pouco, de repente ele desperta para uma coisa inesperada e a gente fica se esborrachando de querer ressentir.
Estou falando pelo meu coração de jorge.
Não se passa uma borracha naquele jeito brincalhão de dizer que as vezes não entendia o que eu falava.
É tudo brincadeira.
Já imaginou entender o que eu digo ou escrevo?
É necessário um constante exercício com elásticos de cintura, tanto para os pés como para as mãos.
Mesmo assim, vou tentar dar uma dica para quem comete o exercício de me ler:
Leia palavra por palavra, julgue seus significados unitários e tente juntá-los na ordem que as palavras se apresentam.
Deve produzir algum resultado que satisfaça a sua curiosidade.
Amanhã devo pedir aos meus alunos que escrevam frases aparentemente filosóficas, para que as pessoas, ao verem trabalhos suspensos nas paredes de uma exposição, possam exercitar o pensamento.
Darei como exemplo a seguinte frase:
Ao pisar sobre essa boca de lobo, a lua sente uma vontade enorme de uivar para a manhã.
Mas faz aí faz todo sentido do mundo, me disse a querida!
Agora mando outra, de maior: estranheza:
A jaboticaba de borracha cuida do cesto de vime arrumado sobre a mesa de pinho.
Ela dirá com toda a sua esperteza e raça, que a borracha e a jaboticaba são gêmeas na cor, que a guardiã das frutas é a cesta - na sua beleza do entrelaçar do vime - e dirá que a simplicidade do pinho, sustenta e ampara todo esse conceito.
Ela é de burracha.
Ela estica a significância das coisas, até elas parecerem ser aquilo que delas se espera.
A capacidade que nós temos de esperar é só nossa.
Esperamos que as jaboticabas sejam pegas no pé e que o gato não seja tão esperto na arte de devorar canários.
Esperamos o tesouro desescondido após uma escavada na terra do quintal.
Uma medalhinha de metal, com a imagem desbastada pelo tempo nos enriquecendo a imaginação do que teria ali, estado.
Os estrangeiros desconhecem a cadeira dupla de madeira que nos faz ouvidos de pássaros e alaúdes

sábado, 3 de setembro de 2011

Nuca


Uma peruca.
Ela poderia ter uma, onde a cor combinasse com sua pele.
Não foi necessário, ou necessária outra combinação de cabelos.
Seria uma questão de facilidade, mas mais fácil continua sendo pentear os seus próprios pensamentos.
Ela veste bem e ela forma opiniões de forma mais veemente ainda.
Ela é uma senhora que embora diferente da minha outra, é regada pela mesma fidalguia.
A idade do ouro reluz em ambas e me serve como exemplo de trabalho e oração.
Duas tarefas escritas e reescritas na placa da casa que tem a mágica e a razão como alvenaria e telhado.
O corte que me estrutura a cabeleira me enche de orgulho e espelho.
Reflete na minha cabeça a estrada feita com a água dos seus olhos.
Os seus e os delas.
O segredo que nos agrega, minuto a minuto nos é revelado nas linhas dos pelos.
Foram precisos parafusos mais largos para alargar o plástico e prender nas bordas.
Bordas na minha cabeça o rendado que embeleza o vidro da geléia.
A geléia real é parte do mel que dá nome à abelha rainha.
A augusta rua que sobe e desce, nos aproxima da praça que sustenta a árvore de raizes nobres.
O desenho que assume carne é pintado pela veia que assume-se caneta

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Lêm


Nós estamos com nossos olhos cercados com os óculos - que nos aproximam ainda mais - das ideias que animam todas as coisas.
A pequenina árvore cerca o terreno
A sua delicada ponta, beija de leve a raiz do cedrinho..
Está bem presa no chão de terra e grama.
Uma delas segura a cordinha de nylon que ajuda a suspender a barraca.
Olhamos e enxergamos para adentrarmos no desconhecido das estacas.
O ideal é que elevemos nosso olhar acima da espionagem.
Suspendo meu desinteresse por alguma coisa e revitalizo meu interesse na suspensão das minhas ideias.
Suspensos estão todos, nos sentido elevado do termo, já que ninguém está suspenso no seu sentido restrito.
Rosas holandesas aparecem embaixo de qualquer árvore próxima que reencanta um moço com suspensórios.
O mel escorre da colina e aqui embaixo é regato.
Que loucura é essa que se sabe tanto e se sente mais ainda?
Reconheci na mendicância a figura angélica de quem na loucura se expande.
Um mar maior do que um copo d'água e muito menor do que a nossa gana por descobertas e reconhecimentos.
Um mar de possibilidades por onde navegaram e navegamos nós.
Um mundo com vistas para o mar.
Revolução dos olhares, das visões cósmicas, belas, das lindezas a serem escarafunchadas pelo coração mais puro, o do mundo.
Dúvida é uma ocasião simplesmente relevante, elevatória de todas as coisas, já que sem dúvida não há crescimento nem evolução.
Espiar e expiar qualquer dúvida.
Já a luneta é uma lua pequena que através do vidro visionário transforma-se em tamanho e relevância.
Spyglass é o vidro espião.
Pré visão antevendo o que se quer tão perto, mesmo que já se saiba de longe.
Previsão de um tempo.
Disseram de seis a nove graus nessa madrugada

Mel

Disseram de seis a nove graus nessa madrugada.
Previsão de um tempo.
Pré visão antevendo o que se quer tão perto, mesmo que já se saiba de longe.
Spyglass é o vidro espião.
Já a luneta é uma lua pequena que através do vidro visionário transforma-se em tamanho e relevância.
Espiar e expiar qualquer dúvida.
Dúvida é uma ocasião simplesmente relevante, elevatória de todas as coisas, já que sem dúvida não há crescimento nem evolução.
Revolução dos olhares, das visões cósmicas, belas, das lindezas a serem escarafunchadas pelo coração mais puro, o do mundo.
Um mundo com vistas para o mar.
Um mar de possibilidades por onde navegaram e navegamos nós.
Um mar maior do que um copo d'água e muito menor do que a nossa gana por descobertas e reconhecimentos.
Reconheci na mendicância a figura angélica de quem na loucura se expande.
Que loucura é essa que se sabe tanto e se sente mais ainda?
O mel escorre da colina e aqui embaixo é regato.
Rosas holandesas aparecem embaixo de qualquer árvore próxima que reencanta um moço com suspensórios.
Suspensos estão todos, nos sentido elevado do termo, já que ninguém está suspenso no seu sentido restrito.
Suspendo meu desinteresse por alguma coisa e revitalizo meu interesse na suspensão das minhas ideias.
O ideal é que elevemos nosso olhar acima da espionagem.
Olhamos e enxergamos para adentrarmos no desconhecido das estacas.
Uma delas segura a cordinha de nylon que ajuda a suspender a barraca.
Está bem presa no chão de terra e grama.
A sua delicada ponta, beija de leve a raiz do cedrinho.
A pequenina árvore cerca o terreno.
Nós estamos com nossos olhos cercados com os óculos - que nos aproximam ainda mais - das ideias que animam todas as coisas