domingo, 31 de julho de 2011

Vírgulas


Tosse, tosse, espirra.
Uma coceirinha na garganta e expectora-se aquilo que está grudado dentro da gente.
Houve uma vírgula entre o último texto e esse.
Um espaço que não foi vazio de nada.
Espaço cheio de líquidos, afetos e cuidados.
Depois de muitas vírgulas, fiquei adoentado, atacado pelos microrganismos, que desta vez, me puseram mais apático, sorriso do meio.
Resisti, andei bastante, um ponto e vírgula aqui, uma exclamação ali e estou retomando as letras.
Tomando-as todas como um antídoto.
A sequência pede decisão e fibra, reação e confiança, naquilo que o deus de sempre já avisava e avisa.
A visão ampla do alfabeto inteiro, letras interagindo nos diferentes compassos, vão escrevendo uma história cada vez mais próxima das nossas crenças impregnadas dos sons de apitos e cerâmica.
Doença é como um ritual de análise do voo.
Uma parada estratégica, sabendo que ela nem estática é.
É uma parada com bumbos, repiques e zabumbas.
Uma festa do próprio corpo e da alma, retomados e realimentados.
Um avanço.
Um toque firme no chão de estrelas, acariciando de forma um tanto dramática o verbo cuidar.
Agradeço a forma e o conceito dos seus gestos.
Reinventamos a roda após a vírgula.
Tudo requer um sorriso bonito e largo, uma canção de amor e um laço.
Tudo isso junto é o nosso texto, é o nosso pão.
A receita a gente não inventa inteira.
Pegamos as principais informações dos outros, juntamos às nossas, e colocamos a massa, delicadamente no forno à lenha, retiradas da floresta sustentável.
Sustentamos a ideia de que o nosso adoecer é a preparação para comer o pão bem quente

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Virulência


Dor de garganta a gente sente quando nos alimentamos e o alimento vai raspando aquilo que já está irritado.
A garganta bombardeada com spray de própolis e menta, faz com que a dor vá diminuindo bastante.
O máximo, é ir expectorando as coisas ruins que brotam de dentro.
Amolecê-las todas e jogá-las para fora com gestos certeiros.
Não adianta tentar jogar as coisas rígidas e petrificadas.
Devemos amansá-las primeiro, amolecê-las, torná-las líquidas ou gelatinosas, para que possamos despojá-las sem nos agredirem ainda mais.
Essa é uma teoria que ouço bastante.
Gosto de perceber os distúrbios de pele - assim como as espinhas - como sendo rugores emocionais internos, que expressam-se sendo expurgados.
É uma teoria que pode ser prática, a tal da psicossomática.
O mais interessante nisso tudo, é que em mim, não consigo facilmente detectar o que pode me deixar mais suscetível ao vírus da gripe, por exemplo.
Não me vejo escarafunchando as minhas entranhas tentando encontrar a razão dessa mágica dolorida.
Prefiro as ações revigorantes da menta, do própolis, do limão, da maçã.
Prefiro continuar almoçando e lanchando e principalmente continuar me dedicando a escutar nossos encantos e nossos cuidados.
Enquanto escrevo, penso que devo dar mais voz ao nosso exército e ao exercício daquilo que é a minha prática constante, qual seja, o resgatar pedagógico fazedor, em meio a tanta ação devastadora, expressa na escola da midia eletrônica.
Meu trabalho vem sendo bastante expresso através de muitas mídias.
Ontem ouvi algo bem simples, que soma-se a tudo o anteriormente compreendido.
Não espere e nem tente fazer com que muitas pessoas reconheçam o que você vem fazendo, oferecendo de coração sua música, suas letras e os seus olhos acesos.
Continuemos fazendo os nossos instantes, com a iniciativa que nos é própria.
O verbete iniciativa vem do verbo iniciar.
Ação de fazer acontecer, pensar e causar.
Vivemos de iniciar constantemente.
Os vírus e as bactérias, invisíveis que são, também vão desenvolvendo o seu trabalho, reguladores.
Seres macros e micros têem o seu papel.
Escrevamos pois, sobre eles.
Os papéis deles e os nossos

terça-feira, 26 de julho de 2011

Aniverso


Outras vezes escrevi sobre os versos de um ano, aniversários.
Ontem, comemorou-se um dos aniversos e eu soube que um irmão lê o que escrevo e interessa-se.
O interessante não é nem um fato, nem o outro, afinal os meus irmãos são interessantes, sendo esse, de um particular interesse.
A irmandade múltipla, impossibilita gestos como o do sorridente norueguês matador.
A multiplicidade de possibilidades, miscigenação, mistura, integração de sabores e cheiros, vão possibilitando novos e deliciosos pensares e, por consequência, fazeres.
O pensar sem o fazer é não termos a chance de usar um parafuso, ou movimentar com rodas, as pedras para a construção da esfinge, ou da pirâmide.
Quando a pirâmide social transformar-se num cubo, talvez esse mundo seja um aquário de anfíbios que vivam em dois ambientes muito diferentes com a mesma destreza e competência.
Essa filosofia está distante da influência maciça do capital, que altera os interesses políticos, religiosos, institucionais e, portanto, torna aparentemente impossível a ideia da disposição social cúbica.
O quadrado tem quatro lados iguais, porém o que acontece dentro do seu plano interno pode ser totalmente diferente, na diferença que muitas vezes é atribuída à provocação artística.
Na opção de pensarmos que dois dos lados são verticais e dois são horizontais, aí já temos a diversidade implícita necessitando da explicitação humana.
Humanos que somos, vamos criando versos, ano a ano, mês a mês, dia a dia, na esperança que nossos versos-gestos-instantâneos possam minimizar as dores, nossas e fundamentalmente dos outros a quem menos foi dado e oferecido

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Volta às aulas

Houve um tempo em que apenas uma minoria - onde eu estive incluido - frequentava a escola.
Houve uma ação política, de segurança pública, que instituiu a escola para todos.
Aqui, nessa provocação, vai uma ação política como treino para a sua imaginação:
Imagine hoje - século vinte e um - a maioria dos adolescentes e jovens, sem emprego e sem trabalho, andando pelas ruas das cidades, também sem escola.
Imagine, respire e transpire.
A escola cercadinho.
Estou escrevendo enquanto espero o horário marcado para entrar na sala de aula, aqui numa das escolas públicas da cidade.
Escola públicas e particulares, cercadinhos.
Imagine.
Quero tornar público e notório, o fato de termos visitado queridos amigos, que não víamos há vinte e sete anos.
Amigos artistas que vivem e trabalham nas suas casas feitas com materiais restados de histórias de outras casas e de outros pareceres, pares e seres.
Pessoas que entrelaçam tão fortemente vida e arte, instantes e mais arte, nos trouxeram novo alento e uma ressonância vibrante para o desenrolar da nossa didática-artística-fazedora, nos encontros e nas salas de aula.
Ao chegarmos, encontramos um portão moldurado com madeiras que ressaltavam espelhos.
A poesia da bela me disse:
Eu esperava a amiga dona da casa e acabei por ver-me de frente!
Lá dentro do terreno recheado de floresta e encanto, abraçamos os corpos e as almas dos queridos, enquanto pudemos ter uma das maiores experiências sensoriais-estéticas-éticas, das nossas vidas.
Indescritível e até por isso não desejo descrever.
Parafusos, muita madeira de demolição, pregos enormes, detalhes de botões plásticos. cafeteiras italianas, teias, cascas de insetos, estrelas fosforescentes, lustres da rua da penha, chaves - fazem você que me lê agora, compor o cenário fantástico sustentável.
Maderite em cascas, um espelho fino e comprido na vertical, um suporte metálico para toalhas, fora da sala de banho. Dois cadeados e perguntas internas.
Eles acabaram de sofrer, num lugar tão lindo, depois de trinta anos na ilha, as agruras de uma educação deficiente e insuficiente, que assalta e rouba.
Depois dessa informação, o nosso reencontro tornou-se um impulso ainda mais forte para a nossa dedicação a favor de uma educação artística, que com paciência, insistência e vontade, ultrapasse a representação do belo e alcance todas as pessoas, nas conversas consigo mesmo, possibilitando a expressão de respostas elegantes.
A elegância assume um requinte ainda mais sublime, quando transcende um sentido único e passa a ser univérsica.
Essa elegância, compõe com tudo e com todos.
Essa elegância, é uma escola para todos

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Siricutico


O corpo inteiro coçando é sinal de dinheiro.
O dinheiro chama dinheiro.
O sujeito com siricutico, faz um sinal, mexe os seus pauzinhos e o dinheiro aparece.
É um conjunto de pessoas ricas em esperteza e nenhum senso de compaixão.
Encanta-me fazer coisas interessantes com dinheiro apenas algum.
Muitas vezes encontro-me cheio de objetos maravilhosos, lugares fantásticos, gastronomia farta e saborosa, tudo advindo do contato amorelétrico com pessoas especiais que vão conotando, dando rumo e sentido estético a essa vida lúdica.
Pode parecer estranha essa conjugação, porém ela é apenas mais um motivo para demandar mais energia no sentido da conexão entre a ética e a estética, entre as pessoas que se doam no amor e as que se amam na doação.
A dialética da contraposição factual.
A etmologia do verbete mundo nos remete à pureza.
A posição mundana-imunda segue seu curso, fazendo parecer que nada podemos fazer para mudar seu rumo, mas ainda assim amamos cursar a vida nos posicionando conectados ao estranhamento.
Vamos fazer alguma arte pra ganhar dinheiro!
Coça-nos os olhos e a provocação agita o siricutico inteiro

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Mais na mala


Uma mala de couro emprestada.
Ela jazia dentro de um conjunto de malas maiores, sobre um armário dos antepassados.
Dentro dela coloquei todas as minhas roupas - calças, camisetas, cuecas e meias.
Coloquei também meu par de tênis e o par de chinelos.
Com o outro par de tênis vou calçado.
Vamos fazer uma visita a um casal de amigos queridos, que deixamos artistas, há trinta anos.
Levo minha eletricidade e nossas surpresas.
As cenas são e serão todas regadas pelo espírito providencial da cosmética.
Um caminho múltiplo de riqueza simbólica, vem nos mostrando grandes espaços para a expressão das nossas graças.
Assim não deixamos que a vida nos leve, mas a levamos com a leveza que ela merece.
A vida é a mesma para todos os seres, vivos que são.
Viver implica em acervar uma quantidade elegante de tudo o que pode ser adquirido pelos sentidos.
Viver implica em usar todo esse arsenal para expressar bem estar, para todos que desejem partilhar e conjugar conosco essas orações.
As nossas aspirações normalmente são bastante complexas.
Essa oração visa vivenciar na pele e na alma, experenciações de simplicidade.
A equação entre as aspirações e as experenciações nos dão a medida da humanidade que carregamos - além da bolsa de couro - e é com essa equação que aprendemos a empreender mais vida, dentro desse místico e terreno poema

terça-feira, 19 de julho de 2011

Bem estar



Você teve um mal estar repentino!
Essa frase eu ouvi do meu médico, há anos atrás, algum tempo depois de começar a compreender e estudar sobre os transtornos da ansiedade.
A minha ânsia e a vontade de estar em movimento, fazendo acontecer as ideias, vão integrando o conhecimento sobre a síndrome das pernas inquietas às formas variadas de atingir um certo ar de tranquilidade.
O que me conforta bastante, é saber sobre como são acionados os meus aconteceres desde a manhãzinha.
Esse saber dá-me o poder de influir sobre eles, a fim de trazer alguma paz ao agito constante do meu fazer constar, momentos de felicidade e algum equilíbrio.
Já me disse duas vezes, uma amiga de trabalho:
Não dá pra você chegar um pouco menos feliz, aqui na escola, às sete horas da manhã?
Hoje, com mais experiência e tempo, sei que posso interagir e amenizar essa ansiedade que me faz um ser elétrico.
Veja!
Tenho ciência que é essa eletricidade que me faz ser o que sou, andar como eu ando, realizar as ideias que tenho e as que os outros todos me propõe.
Não tenho a menor vontade de mudar o rumo dessa prosa, já que é com ela que enfrento e abraço as causas do bem estar comigo e principalmente com os que me cercam e me auxiliam tanto nesse processo.
O que pretendo mostrar e apresentar nesse texto, é que dele, só não conheço o subtexto, mas isso também não é um problema, isso é apenas curyosidade.
Como diz uma doutora amiga:
Se tudo fosse quietude, como é que eu conseguiria ser artista?
Notem que tenho muito orgulho em ter amigos artistas que são tranquilíssimos, quietos e outros que são ainda mais elétricos e passionais do que eu.
Para mim, com certeza, o importante é mostrar que toda certeza é somente uma ideia, e que tudo, é somente realização.
É desta forma que nada sobrevive sem o tudo e tudo é quase nada sem a sobrevivência da nossa humanidade de sanidade relativa.
As ciências físico/químicas são extraordinárias ferramentas para que possamos alavancar a roda do essencial, e o essencial do nosso bem estar, é você estar ciente de que eu só me tenho pra te oferecer e me ofereço sempre com muito prazer

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Casa quatro


Na casa quatro eles moraram.
Construíram uma nova e mais uma e mais uma.
Vivem construindo imagens, umas após as outras, colibrindo, florindo, dando ares novos à imaginações mais novas ainda.
Uma cadeira e todo mundo senta.
Uma cadeira mais, e mais uma casa senta-se no seu acento, acentuando a efervescência dos cortes no linóleo, feitas pelo dono da propriedade do traço.
Visitei meu calçado para lembrar-me dos couros e das suas ferramentas.
Pirografei na memória o oeste e os fortes sobre o monte de pedras.
Uma vida inteira, dedicada por ele, aos traços seifados na burraccha e reencarnados no papel arroz.
Um sangue purificado corre pelas linhas tintadas num certo relevo que vibra na superfície de celulose.
Suas mulheres gravadas referem-se sempre à mesma.
Essa que tem na alma o texto do colibri, do pequeno beija flor.
Um texto ao qual pertencemos com muito orgulho e gozo.
Ao caminharmos pela praia do nosso tempo, ouvimos com clareza, todos os instantes dentro da concha.
Não há como não ver em tudo e em todas as tarefas, todos os dias que nos pertencem e nos fazem senhores dos nossos próprios atos mais dignos.
Somos dignos de notas.
Todas as notas cantadas nas músicas que nos cantam, desde sempre.
Na casa quatro há.
Uma conexão significativa que transcende o zodíaco, o tabuleiro e a avenida.
Uma casa, duas, três e mais, assim construídas sobre a rocha, na sustentação da crença e da certeza

domingo, 17 de julho de 2011

À vista


Você quer que eu coloque no ar pra você ver a relação que os buracos na moldura fazem com a parede?
No mundo da lua, com a cabeça no ar, nas nuvens, assim acontece da gente estabelecer as conexões com a percepção das coisas natualmente estranhas.
Nas entranhas da comunicação não consta a objetividade do sujeito.
Só às claras o versar em comum estabelece uma reação positiva no desenrolar dos acontecimentos.
Coloque no ar, por favor.
Da perspectiva depende o olhar unifocal.
Para ampliar as possibilidades eu me coloco em diferentes pontos da cena.
Com certeza, é também por isso que me deleito com as ideias cubistas de Braque.
Demora um tanto para compreendermos o todo.
Uma vida inteira e mais três meses. 
Um ponto e pago à vista

sábado, 16 de julho de 2011

Brodowsky


Várias coisas levam ao meu interesse por restos.
Numa visita às brincadeiras de criança de Portinari, deparei-me com madeira, tijolos e interferências.
Uma dezena de riscos arquitetônicos feitos sobre os restos de tinta, usados na pintura de uma  antiga parede.
Tudo a madeira suporta.
Hoje novamente me exponho à essas coisas esquisitas vindas de um território ainda pouco explorado.
Sou explorado pelos fatos conectados com as belezas da cena de uma tardinha, antes que seja tarde.
Sou explorado pela forte torrente de poesia que há no sorriso que não passa, explora e doa.
Doa de não doer na perna ou no corpo todo, mesmo que doa tudo isso e mais dois meses.
Um olho e mais dois óleos, esquentam as mãos e o verbo que se faz na carne.
A oração toca na sala de exposição, onde a guarda usa um fone de ouvido próprio, para que não lhe doa a repetição da obra.
Oração mântrica, baixando a guarda de quem passa e fica, fica e passa a ferro.
Uma farofa com farinha de mandioca, croca no crocar do salame improvável, que torna-se a mais provável das iguarias postas à mesa.
É sobre essa mesma mesa que estão dispostos os colares que há muito já colaram na minha lembrança.
Um sobre o outro, eles crocam de crocar na minha memória, gerando um definitivo bom gosto que transcende a saliva.
Os restos são diferentes das sobras, afinal, nos restos ainda falta tudo o que sobrou do muito que já foi usado 

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Homem


Dia do homem.
Mais um dia desses.
Reservado para as compras e o consumo de bens não duráveis.
Tento entender essa lembrança como um tipo de energia renovável.
Prefiro lembrar dos seres humanos todos.
Homens e mulheres de todas as idades e lembranças, signos e ocupações.
Convivendo e frutando, mais do que desfrutando das pessoas.
Desta forma, vamos promover ações de construção.
Consumindo juntos bens duráveis e renováveis, vamos fortalecendo os vínculos de afeto e carinho.
Uma lavadora de roupas pode desequilibrar-se e fazer transbordar a água em excesso.
Pessoas devem ter mais senso de equilíbrio quando encontram-se na corda do varal, esticada por dois troncos de bétulas.
O óleo cicatrizante vai além da data.
A origem da lembrança está no coração da capital, quando o verbete está diretamente ligado ao feminino.
Quando a palavra verte pelo sentido masculino, muito constantemente ela conota a nota com um dolorido preço.
O valor do dia está no calor que ele propicia.
Que ele não seja demasiado duro e que a noite não seja extremamente mole, já que no consumo de um está o nascimento do outro, e vice versa

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Acorda e nina


Quando eu escrevo que a fé é a Certeza de algo que ainda não se viu, é com certeza mesmo.
Estar-se certo de que algo acontecerá de forma positiva, sem que se fique ocupado e ansioso com o insucesso da empreitada, por exemplo.
Como alguém diz que acredita, e de tamanha preocupação, maltrata os dentes de tanto apertá-los uns contra os outros?
Sinto que devemos entregar nas mãos do mistério e olhando bem de perto as cenas, ir colhendo as suas graças.
O que eu fiz da minha vida é uma pergunta.
O que eu faço, constantemente, da minha vida é a resposta.
Além de tudo isso, vamos conectando os números coincidentes, tais como o dia ser treze e o quarto da internação ser o cento e treze.
O senhorzinho paterno saiu do quarto às quinze e quinze.
Eu nasci às quinze e quinze.
Um professor e sua esposa estão saindo do hospital quando estamos entrando.
Ele me reconhece, eu o reconheço apenas quando minha irmã diz seu nome.
Desembesto a correr atrás deles até encontrá-los no estacionamento.
Ele ficou felicíssimo ao saber que tornei-me um professor e me beija com o carinho de quem ama ensinar e aprender.
Eu poderia ter ficado apenas sabendo que era ele, mas no meu egoísmo atuante, resolvi que eu teria momentos de profunda felicidade e respeito.
Hoje escrevo bem cedinho e em breve, ao invés de telefonar para o hospital, estarei conversando com os trabalhadores da saúde para saber sobre os próximos procedimentos.
Num futuro brevíssimo estarei andando ao lado do senhor meu pai, para conferir se ele está disposto a ter uma vida bem diferente da que vinha tendo deitado e numismata.
Sofre-se bastante nesse planeta.
De diferentes e ardentes formas.
Somos os que sorrimos ardentemente sobre o leite derramado, uma, duas e até três vezes.
Damos preferência à entrega forte, ao gargalhar lençóico esbarrando no travesseiro, rindo de uma risada empreendedora, dessas que move montanhas.
Damos preferência ao entender às avessas do mundanismo, damos voz às conexões.
Nos entretemos com a voz que nana, que nina e faz acordar

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Cirurgia


Com precisão milimétrica o corte acontecerá como um risco.
Os riscos existem.
A limpeza dos lugares sujos será a primeira providência remediada.
Bactérias são seres minúsculos, porém cheios de poder.
Podem tornar-se coisas muito más, tornando-se doenças sinistras.
A ciência, a cada dia, vem mostrando suas variadas caras depois de modificadas e multiplicadas.
Nesse contexto, o doutor vai abrir a perna na região do antigo joelho, a fim de limpar os espaços infectados - gelatinosos meios de cultura bacteriológica.
A cultura desses organismos tem se mostrado uma organizada trama.
Talvez a existência dessa dita, insista em manter um número relativo de gente no planeta.
Claro que além dessa, as culturas do poder ganântico, da fome e desse paradoxo, tratam de gerar e revitalizar a todo instante novas guerras químicas, que mantém sob um mundano controle, as pessoas faróis, que enxergam muito além da muralha dos faraós.
Eu mundano que sou, quando fiz a cirurgia na mão esquerda, não pude ver meu dedinho sinistro sendo operado.
O doutor não deixou, porém, numa operação de destreza extrema, o anestesista fotografou a cena com seu celular e mostrou-me, logo após eu ter voltado rápido do sono administrado.
A imagem mostrou que estavam lá, dois pininhos e uma agulha, antes da carne ser fechada.
Hoje, apenas a agulha me acompanha, e nem no frio eu sinto doer essas coisas.
Ontem a fotografia mostrou a florinda cuidando do beija flor.
Hoje, minha mãe pede oração para várias gentes, de várias partes e de várias correntes, crenças e maneiras.
Hoje, nós todos pretendemos cuidar do garoto, que me deu de presente um jeito interiorano e romântico de doar risadas

terça-feira, 12 de julho de 2011

Flor e cultura


Dona florinda e o pássaro de coração acelerado.
Seu esposo, já idoso, postou a fotografia na rede e a imagem revela o amor da flor à cultura do amor.
Um bichinho delicado e poderoso sendo alimentado pelo carinho e pelo afeto da pessoa que já fez bastante graça com coisas tão simples.
Há quem goste e quem reprove, pois é assim que se faz a vida cantada e vocacionada na luta e na destreza.
Não agradamos sempre, afinal o sempre é um instante prolongado e instantes prolongados oferecem apenas uma sensação de alegria.
Instantes devem ser colados uns aos outros, multiplicando seus efeitos de felicidade.
Assim é que os pássaros são grudados aos azuis, esses às estrelas e essas à escuridão, transformando toda a cultura dessa palavra, numa imensidão de graças.
Deus de sempre nas atitudes mora a essência.
Um beija e a flor enaltece o jardim dedicado

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Traumas


Mais do que uma vez escrevi sobre os traumas.
Traumatismos, pancadas, esbarradelas que nos despertam para fatos futuros, usados como disposição para a mudança.
As versões positivas dos traumas.
Também é por tudo isso que vou deixando as marcas no meu automóvel.
Uma motocicletinha esbarra na minha traseira e faz um amassadinho.
Uma tempestade na estrada e um carro esporte chapa a traseira.
Chovia na cidade, o sinal estava fechado e eu parado.
Ao olhar para o retrovisor, vi que o carro brilhando de novo não ia parar.
Não para.
Ele tenta desviar e fica todo ralado.
O meu carrinho amassa um pouco abaixo do farol traseiro.
Meu filho, assim como o pai, estava parado no vermelho, quando uma senhora motorizada, sai do seu lado direito e atravessa a ponta lateral, um pouco antes de alcançar o farol dianteiro.
Tudo permanece inalterado.
Todas as marcas dos acontecidos permanecem impressas no móvel transporte.
Transporto assim os acontecimentos em mim.
Veículos de passar-me a frente.
Maneiras que vou encontrando para encontrar-me com a criação, com a relação ensino/aprendizagem, aprendendo muito mais do que ensinando.
Por mais que eu tente não consigo explicar usando as palavras.
É dessa forma que escrevo esses versos, essas desrimas, essas tentativas insistentes de explicar tudo o quanto teimo em achar tão óbvio

domingo, 10 de julho de 2011

Nuances

:

Uma conversa e tudo se resolveria da forma como a compaixão e a leveza ordenaram.
Porém, o desfecho do filme é outro.
Total tristeza.
A casa de areia e névoa.
Dor e morte, morte e dor, ocupando o lugar da divisão igualitária de responsabilidade e satisfação.
Assim as celas das prisões encabeçadas pela falta de zelo e senso, acabam por rugogizar a pele das romãs.
As caixas teimam em arranhar a casca.
Colocar os olhos nas tábuas e retirar delas a poesia, parece ser apenas uma romântica sina, mas voa acima desse estabelecimento.
Por favor, leia novamente a primeira frase desse texto e procure assinar novos fatos, propondo a disconcórdia do enredo.
Deixemos o arremedo de lado e vamos abraçar as árvores seifadas dos seus territórios, sob o pretexto de deixarmos mais bela a nossa vista para o mar.
Os olhos fotossintéticos, talvez vejam mais claramente, o mar de coisas lindas que a areia dos nossos teimam em obscurecer

sábado, 9 de julho de 2011

Macia


Maçãs são macias frutas, muitas vezes colocadas em caixas.
Maçãs do rosto nas macias faces da mesma moeda não comerciável, admirável.
Maços de salsinha são enrolados para o corte fino da faca de serra, certamente para dar sabor aos pratos que deixam ainda mais saudáveis as maçãs do rosto.
No texto da peça vista ontem, o autor lembrou das romãs, fato que me fez lembrar do verbete romântico, advindo da fruta que detém o nome do amor às avessas.
Não que as romãs representem o desamor, muito pelo contrário, já que é pelo contrário que tudo isso se define.
Contrariar é o desafio constante na delicadeza, a fim de colocar na mesa os doces que apresentam-se saborosos nessa receita.
Obviamente esse dizer é bastante diferente daquilo que vislumbramos na realidade, porém nada mais certo do que aquilo que é contrário a essa realidade novelesca.
Caixas se repetem como celas que guardam a maciez das belezas do coração.
Tudo que se encaixa deve brevemente desencaixar-se para poder gerar mais lindeza na maciez da surpresa.
Românticas atitudes são postas na mesa para a destilação da sabedoria da alma.
Os pés da romanceira nunca esperam para desencadear a dança dos seus frutos.
Acordam seus hormônios para a dança dos contrários.
Macia és, no toque dos sinos budistas.
Numa única nota, recebes inteira a lembrança alegre da casa amarela.
Um floreio de flauta e nada falta à flor que embala a bala doce, despojada do aperto do papel impermeável, selofane.
Quando a mesa é virada e a mulher põe-se a bater na porta na sua frente e no seu verso, as duas faces da mesma moeda giram na tormenta das caixas, que resvalam-se como na carga do velho caminhão.
Há maciez nas maçãs e nas romãs, nos caquis e nos pêssegos, e há caixas para guardá-la.
Não havendo forma de desaparecer com as caixas por completo, nos reservamos o direito de confeccionar mãos ricas em papel de seda, para que na maioria das horas, possamos embalar a fruta, num desejo macio de protegê-la um pouco

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Retratos


Acho que li numa placa, colocada na frente de um estabelecimento comercial:
Tudo o que você precisa, e mais...
Estabeleceu-se assim.
Imediatamente relacionei a frase à uma outra, que uma pessoa importantíssima me disse outro dia:
Não acho tão legal reaproveitar o metal, o plástico, o papel e o vidro, acho muito mais legal reduzir esse material, afinal, quando a gente reaproveita, o negócio permanece aqui e vai demorar muito tempo para que ele seja absorvido pelo natural.
Uma questão está atravessando esse caminho ideal.
Existe muito mais gente nesse planeta do que havia antes, por exemplo, no século dezenove.
Desta feita, muito mais gente tem que ser empregada para produzir as coisas que suprem as necessidades básicas de sobrevivência - dessa mesma gente e daqueles que geram esses empregos.
Esse ritual gera uma cadeia circular de produção e consumo, que sem ela, o mundo como conhecemos hoje, no capitalismo do século vinte e um, torna-se insustentável.
O ser humano é uma coisa que não se contenta com necessidade básica, ele é uma coisa sofisticada, complexa e desta forma, a ideia de redução do lixo, torna-se um luxo filosófico.
Espere um pouco, respire.
Voltemos à frase do início desse texto:
Tudo o que você precisa, e mais...
Quando li, logo pensei na provocadora arte, que produz inutilidades materializadas, porém com enorme utilidades espiritualizatórias, que estão contidas exatamente no mais da frase.
O ser humano é complicado e complexo demais - e obviamente - o estabelecimento autor da frase, usou o verbete mais, para referir-se as tantas coisas mais que devemos comprar, além da nossa básica necessidade.
Antes que eu me esqueça, os três Rs para a dita e propagada sustentabilidade são: reciclagem, reutilização e redução.
Só de raiva braba, vou começar agora a propor que meus amigos façam retratos, misturando gente contida nos jornais, aos pedaços, colados sobre tela de algodão à moda painel, medindo setenta por cinquenta centímetros.
Eu e o mundo precisamos sempre de provocação, de uma pilha que nos mova para o atendimento ao chamado - pro vocare.
To brabo e elétrico!
Eu não preciso de arte de jeito nenhum, mas ela encasquetou de precisar muito de mim

Manhã


Uma manhã inteira para retrabalhar algumas imagens e ficar inventando no editor.
Além desses passos, andei colando mais coisas no suporte que vai me suportando papelônico.
Uma folhazinha apareceu encantada, presa numa teia antiga sobre o tapete e agora passou a encantar o pastpatour.
Resolvi escrever o verbete dessa forma, no meu francês apaixonado, porque sou também emocionado pela sua destreza no trato da língua que presa pela liberdade, igualdade e fraternidade.
Não há como não estabelecer relações.
Elas vibram frenéticas, encantando os sentidos, realçando todas as coisas naquilo que elas já possuem internalizadas.
A tecnologia de ponta vai apontando ferramentas para os nossos devaneios terapêuticos e passatempais.
Há algum tempo se pensava que essa técnica limitava a criação, porém eu vejo claramente que a invenção se anima quando a facilidade se apresenta.
A cabeça e a sua vasta eteriedade, vai alimentando o vento que a impulsiona, num círculo vicioso, que mais do que um círculo, é uma espiral concêntrica.
No centro da roda está a invenção fundamental, que facilita os nossos movimentos, nos levando sabe deus pra onde.
A única certeza que temos, transcendeu a morte, nos mostrando que o caminhar sobre a espiral é bonito, é bonito, é bonito

terça-feira, 5 de julho de 2011

Passatempo




Passatempo.
Uma palavra intensa, cheia de vagarosidade.
Eu sou um sujeito elétrico e quando a gente se sabe assim, a gente vai entendendo mais o movimento das pernas e do corpo inteiro, transitando os gestos sem economia de rapidez estapafúrdica.
Digo isso pensando novamente no passatempo, agora como forma domadora dessa intenção elétrica gesticulante, que se pensa eterna.
Passa-se cola com os dedos na base de papelão, passa-se cola no papel jornal, aplica-o na base, tornando-se a passar os dedos com mais cola sobre o papel estampado com letras.
Antes desse processo, corta-se um a um, os pedaços de jornal, sejam eles dotados de texto escrito, ou cheios de cores.
Dê coração para interiores.
Num misto de intencionalidade racional e casualidade mágica, a colagem dos pedaços vai compondo um texto visual, um dogma imagético, um todo sacramental e lúdico.
Talvez esse passatempo seja mais provocador do que um palavreado que não admite rascunho.
Não nos esqueçamos que também amamos um palavreado parafraseador ou não.
Ao tomar meu café da tarde deparei-me com a sorte do açúcar que não havia lido antes e não consegui me enxergar nela:
Invente menos problemas!
Meu inventário é recheado de problemas que emprego pra mim mesmo e é montado para o meu eterno passatempo.
Imagino que a embalagem do adoçador quer falar dos problemas que arranjamos para os outros, mais do que os que arrumamos pra nós mesmos.
Inventar é arrumar um jeito de estabelecer provocação para aquilo que o tempo se encarrega de deixar absurdamente igual e chato.
Talvez seja por isso que meu desenho insiste em ser tridimensional.
Desejo que a profundidade dele seja aquela necessária ao tempo bem vivido.
Altura, largura e profundidade.
Trilegal, trielétrico, tridimensional na medida que a profundidade do nosso texto vai adquirindo o dinamismo corporal.
Somos os espíritos das torradas com manteiga e queijo, na diferença que existe entre isso e um sanduíche feito com o mesmo material.
Passatempo.
Na minha massa vai queijo ralado e é isso que a deixa crocante.
Isso me intriga no ponto exato, esse que me coloca entre o seu arroz doce e aquele seu salgado

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mililitros


Ao provocarmos, não deixamos as coisas em paz e dessa forma provocacionamos um novo objeto, passando a coexistir com ele, todas as histórias deflagradas pela provocação.
Há na rua onde passo várias vezes, uma senhora da minha idade que cata papéis e papelões, colocando tudo num carro muito velho.
Todos os dias nos cumprimentamos com um bom dia.
Outro dia, minha filha a ajudou, pagando um guincho para levar o automóvel enguiçado até a oficina.
Foi noutro dia também, que a dita senhora soube que eu sou pai da mocinha.
Ela disse que tudo se encaixou e hoje eu tive a oportunidade de pedir-lhe a doação de uma das suas caixas desmontadas, a fim de provar-lhe que tudo havia se encaixado mesmo.
Estou usando a caixa doada por ela para provocar a aparição de um segundo objeto, que se encaixará no primeiro, já oferecido como presente histórico.
Troquei o óleo do meu automóvel logo bem cedo.
Eu disse ao senhorzinho frentista - que tem a minha idade - que colocasse apenas os três litros porque eu não iria trocar o filtro.
Ele foi muito simpático e ao colocar o terceiro litro, deixou um pouquinho no frasco, dizendo que sempre sobrava um pouquinho.
Mediu na vareta o óleo recém colocado, disse que estava ótimo e me deu o restinho do óleo guardado na embalagem de plástico maleável.
Fui maleável em igual medida, dando conta que ele sabia exatamente que o meu veículo motorizado necessitava apenas de dois litros e novecentos mililitros, ao invés dos três, prescritos pelo manual do fabricante.
Desejei-lhe linda sorte, parei na esquina mais próxima, ergui a tampa do capô e coloquei o restinho do frasco pra dentro do motor.
Cada um dá origem ao objeto que provoca e o frentista, gente boa, ficou super feliz em poder ajudar.
A nossa casa está com um parafuso a mais e dois a menos, sempre.
E é assim que a gente não regula nada e vai doando aos montes, aquilo que o monte precisa pra caminhar sozinho, afinal, o nosso egoísmo é humano, assim como humano é o parafuso que prende a paz nas coisas 

domingo, 3 de julho de 2011

Travessa


Uma travessia tranquila sobre as águas.
Um saber ancestral que avisa as tarefas para que elas se aproximem do altruísmo.
Andamos juntos, sabendo que podemos animar o nosso exército a continuar caminhando pra frente, relando os pés na superfície lisa das águas mais revoltas.
Águas calmas parecem não molhar os nossos pés de pato.
Basta dessa tristeza, meu povo, essa que não conversa sobre outra coisa.
O histórico revolta-se com ele mesmo e propõe uma outra retórica.
Propõe uma história onde a vitória sempre marca o começo de um recomeço intenso.
Um começar sempre, e sempre de uma outra forma, mais ou menos como algumas das sortes do açúcar:
Apaixone-se sempre pela mesma pessoa, beije mais, ou ria mais de si mesmo.
Uma agulha apaixonada pela lã, vai entrelaçando, vai interligando os pontos, vai tecendo as linhas e faz tudo isso comandada pela artesã curadora.
Sua técnica é responder à altura toda provocação das coisas que não a deixam em paz.
Assim os fatos se sucedem mostrando que a alegria não é um estado de espírito reacionário.
A alegria avisa o corpo, que a vida precisa de alguma coisa extranatural para desenvolver-se mais esperta.
Amamos uma caminhada musicada pelos sons da natureza pagã, onde a água que se guarda na terra, um dia brota e sacia a sede sem colocar os pés pelas mãos.
Nossas mãos são os pés que despertam todos os nossos gestos e registros acelerados.
Vamos colocar as mãos na cumbuca do tempero forte e vamos rumar espaço a dentro, conformando a lua à pedra solta no jardim redondo.
Olhamos por entre as folhas e admitimos que as nossas cordas foram morar com a água subterrânea.
Admitirmos que a alegria venha morar em nós é a mais sublime admiração .
Admiro você, no instante em que seus dedos tocam a dança de todas as coisas

sábado, 2 de julho de 2011

Atmosfera


A piada ficou na atmosfera.
Esse é um jeito rústico de se começar um texto, uma crônica, o relato de um instante no elevador.
Um assunto como este, me faz viajar até o momento no qual estaremos todos juntos, numa outra atmosfera, diferente dessa, elevada distante daquela.
Elevados, ou não, estamos percebendo a onda.
De repente, é ela que nos move a movermos montanhas para realizar a nossa crença.
Respeitamos a nossa crença na satisfação da nossa forma de olhar que satistaz plenamente o outro.
Fazemos aos outros, exatamente aquilo que queremos que os outros façam por nós, mesmo que esses, aos nossos olhos, não façam nada que mereça atenção.
Uma atmosfera propícia à felicidade, necessita de crença.
É algo semelhante a isso que nos faz ultrapassar a condição e o limite, do termos a certeza que os bons são maioria.
Somos aquilo que fazemos, somos aquilo que é o nosso atravessar a rua, aquilo que é o nosso alimentar os pássaros desalados, aquilo que respeita a falaciosa tranquilidade da massa, porém deseja provocar-lhe susto.
Na minha massa vai queijo ralado e é isso que a faz ficar crocante.
Tudo é muito simples não fosse a dificuldade de se respeitar a cultura vigente.
Tenho tanto respeito por ela que não almejo um mundo diferente deste, sujo, degradante, opressivo e injusto.
Almejo o meio desse texto cronológico, o centro dele, a ação proposta.
Quero ardentemente crer que eu posso seguir lutando bravamente para abraçar a causa da paciência e da tolerância, principalmente por aqueles que elegem diariamente a catastrófica culta bagagem bancária como senhora das suas vidas saudáveis.
Saúdo aqueles que desejam tudo e saldo minha dívida com os que manipulam o poder.
Meu soldo sou eu, soldado ao fazer de tantos, na atmosfera que liberta a pluralidade de sentidos.