quinta-feira, 28 de abril de 2011


Você também é filha de deus.
Poder sentar e colorir as patinhas com cores todas lindas, de um lindo que combinou de combinar com o todo, já que o todo, ainda mais deseja.
Desejar mais, e mais ainda o suficiente.
Nós temos uma capacidade lógica de administrarmos o que nos é suficiente.
Provavelmente os artistas tenham essa vantagem em si, afinal o em si é um caráter fantástico e lógico nesse ser imaginadouro, que pretende descobrir das coisas, outras coisas e mais coisas ainda, que delas possam ser descobertas.
Pensei na literatura da imagem e na imagem literal.
Um papel é coisa pouca diante de uma vastidão de sentidos a seguir e a aguçar.
Aprendi com a dança, que a palavra fetiche significa configurar animação às coisas antes inanimadas e aprendi também que a palavra fetiche tem a sua vertente na palavra feitiço.
O sentido não pode nos ser imposto.
Falando nisso, acabo de pagar a primeira, das oito parcelas que devo, depois de trabalhar bastante em três locais onde não tenho teto suficiente.
Meu teto é minha caixa craniana, meu lar, minha casa de pensamento, posto não não ser aqui que guardo minhas lembranças.
Ainda consigo guardá-las na alma, no coração e no pulsar incessante dos acontecimentos igualmente ativos e enfeitiçados.
Como já dito, comecei a desenhar ontem e estou achando o que procuro, curando em mim, os pensamentos fundados numa lógica que vincula a arte ao trabalho.
Fosse assim, estaria exausto ao meio dia.
Exausto não estou, estou sim, extasiado.
Quero encontrar-me contigo o dia inteiro e enquanto escrevo essa frase já estou inteiramente integrado ao seu contexto.
O seu texto é confeccionar, encontrar a combinação exata das pedras, mesmo que as inexatas também a ti interessem tanto.
Quando o poeta fala da pedra que encontramos no caminho, também encontramos o alicate e o fio de arame.
Estamos entrelaçados por esse fio.
Fio transparente, da anunciação.
Atendes-te ao chamado, cumpre-se a vocação.
Evoco-te e também eu, abro-me ao vocare.
Comparecemos nós, na nossa aparência semelhante.
O que se assemelha em nós pertence ao mundo e é dessa forma que agora desenhamos e brincamos.
Brincamos com os brincos que a louca sã confessa

quarta-feira, 27 de abril de 2011


Eu tenho cinquenta e um anos.
Comecei a desenhar ontem.
Adorei a coisa, o processo, os procedimentos todos que estavam e estão enraizados na minha cabeça, recheando a superfície de um papel imaginário.
Imaginário é o que não falta nessa cachola que pensava até outro dia que essas coisas técnicas e emocionais funcionavam da mesma forma pra todo mundo.
Não funciona assim.
Comecei a desenhar ontem e foi muito bom.
Não parei mais, só não estou desenhando mais nas minhas calças.
Meus alunos vivem me desenhando e aprendi com eles e contigo.
Nas camisetas brancas estou arriscando uns riscos alinhavados pela ponta da caneta molhada na aquarela acrílica preta.
Desenhar é bom, testemunhar amor é melhor ainda, ser doce, carinhoso, cantar baixinho e bem alto a alegria de substanciar no outro aquilo que esboçado está em nós.
Aprendemos assim e é assim que a gente acredita e não dita, distribui e não se distrai.
Comecei a desenhar ontem e sei que desse ato, frutificará mais vida e intensidade, mais relíquias e mocidade.
O nosso jardim redondo assim pede e, se ele pede, a gente não pode se furtar,ou roubar da gente o encanto.
Não falo mais de arte, aquilo que lhe for obsoleto, ou excessivo.
Desde ontem desenho e vendo, e vendo olho mais de perto, e de bem perto sinto seu cheiro, e bem de perto, é bem verdadeiro

terça-feira, 26 de abril de 2011


Sabe?
Que tal a gente conjugar um verbo com uma grande verba?
Um verbo no infinitivo, verbalizar sempre, no gerúndio, verbalizando com carinho e devoção.
Numa situação problema, onde meninos de quatro a sete anos aprendiam a jogar futebol, houve uma briga entre eles e o adulto professador começou a falar sobre diálogo.
Depois de um longo discurso o homem perguntou:
Vocês sabem o que é diálogo?
Um dos meninos, com cinco anos de idade, levantou a mão e o conferencista pediu que ele viesse até a frente para apresentar a sua resposta.
O menino com o dedo em riste disse a todos:
O diálogo é o pior inimigo de Deus!
Fantástico!
Que diabos foi isso?
O mundo anda assim, pondo os pés pelas mãos, afinal temos que usar pés e mãos ao mesmo tempo, todos os dias e a todo instante.
Aparelhos dos fazeres humanos, os pés e as mãos.
Uma senhora linda apresentou-me uma pequena coleção de cartões que ela recebeu de uma instituição que promove os trabalhos de pintores, que realizam essa tarefa com os pés e com a boca.
Você deve estar se perguntando porque eu esqueci de incluir entre os aparelhos humanos fazedores, a boca.
Não esqueci não.
Pintores usam normalmente as mãos para pintar e a boca para publicar, tornar público e propagar as suas histórias.
É tão difícil o diálogo, porém estou aprendendo tanto com a parecida.
Imagine o exercício de treino para pintarmos com a boca, ou com os pés.
Imagine o treinamento que temos que começar a realizar para falarmos dialogando, sem ter medo do diabo.
Diabólica é a fala insana e etérea, supérflua e fútil, estéril e melosa.
Bem vinda é a fala sem rascunho, vinda desenhada num gesto solto e fluido.
Conjuguemos a verba com o verbo.
Desejo lhe falar ao pé do ouvido, com a minha boca transformada em mãos, dadas

segunda-feira, 25 de abril de 2011


Eu tenho um carro velho e ele me leva e me traz.
A proposta era arte e matemática, desenho geométrico e arte.
Régua e lápis, retas, pontos sobre elas, ângulos, liga pontos.
Um aluno quieto, concentrado, enchia sua folha branca com linhas retas cruzadas e paralelas.
Uma montanha de alunos que juntavam-se pertinho da minha mesa, falavam em voz alta:
Seu desenho está errado!
Eu respondia sempre:
Ele é muito criativo, olhem que composição bonita e inventiva.
Os amigos não se continham e garantiam que o desenho dele estava totalmente errado.
Até que num determinado momento ele retrucou:
Meu desenho está errado, ele não tem nada do que o professor pediu.
Foi nesse instante que um aluno elegante disse de forma serena:
É exatamente por isso que o professor está dizendo que o seu desenho está totalmente certo.
O que está faltando é determinação, auto estima elevada, o amor à individualidade mutiplicadora autruísta.
Tudo compondo para o bem estar de muitos e principalmente àqueles que menos têm.
Multiplicar as possibilidades, o fazer por querer e querer adiante, adiantado para oferecer logo adiante.
Adiantar a sua e a do outro, completar a tarefa.
Hoje, talvez não exista coisa mais simples do que imprimir uma foto salva no computador.
Talvez não exista coisa mais fácil do que salvar uma fotografia no computador.
Porém, desculpe, mas tem alguém com os fones nos ouvidos, ouvindo boa música.
Uma das cinco mil possibilidades.
Eu tenho um carro velho e ele me traz.
O que me leva é a crença numa hora cultural, onde há troca e volúpia, onde todos pretendem aprender um pouco mais

domingo, 24 de abril de 2011


Um marco e uma marca.
Marcadores físicos e emocionais, atravessando a nado o nada que pretendem nos impor os detentores da uniformidade.
Os uniformes têm seu uniforme coloridos com as cores da repetição dos costumes.
Costumizar as nossas vestes, marca o nosso passo sem marcarmos passos sequenciais para seguidores desconhecidos.
Conhecer a gente conhece pelos olhos.
Saber, a gente sabe pelos olhos.
Sem saber e de repente, aprendemos a ver mais de perto o que se mostra ao longe.
De longe a gente percebe a chegada dos que chegam de mansinho.
Mansos e bentos são os utensílios aparentemente sem utilidade alguma.
Estou ansioso para conhecer cada vez mais sobre esses inúteis servos de si mesmos.
Em si, coloca-se a euforia da descoberta.
Descobrimos em nós mesmos, que o texto fala em primeira e na terceira pessoa, fala de mim e fala de nós e ainda, vez por outra, fala do outro, de muitos, de todos, ou quase.
As coisas não foram e não serão esquecidas.
As que doravante ainda serão esmiuçadas e aquelas que têm nas suas minúcias o segredo do encanto.
Partículas cósmicas se encontram na feira e a beleza percorre as ruas enfeitadas com frutas.
Toca o telefone e o sorriso se aninha.
Faz seu ninho na espera e na esperança dos gravetos pequeninos que sonham ser residência.
Resíduos moram essência daquilo que a gente pode inventar e inventa.
Um grupo de dança contemporânea vem à cidade congregar seus gestos e seus sons às academias, seus bailarinos e bailarinas.
Vão bailar guitarras sobre o solo da cidade.
Dançar sobre o piche e o granito, sobre a terra e o tablado.
O uniforme se dessarruma e a gente arruma um jeito de desajeitar-se sobre os fatos.
Não cabemos no envelope, então somos entregue à sorte.
Nossa própria sorte, que é sortuda e sortida, de tal forma que se farta de tanto entusiasmo e luz

sábado, 23 de abril de 2011


Assim desse jeito mesmo.
O jeito que cada um tem de se comportar em público.
De se comportar individual e duplamente.
Uma questão de performance e de integração entre o nosso palco e nós mesmos.
Um momento, dois e três.
Caber na afinidade de todo um processo.
Uma infinidade de um únido gesto, um beijo multiplicado até as tantas.
Tontos de tanto não pensar em pensar somente e tanto.
A gente só mente muito e acompanhado mente em dupla mente.
A mente da gente não estanca.
Estaca o coração vampírico que apenas pede, pede, pede e não doa.
Não me peça que não doa, porque dói saber que tudo isso é arte.
Doa a tua pele para que a caneta hidrocor te pinte e faça parecer que és tatuada.
Uma toada poética se a caneta escrever em ti um verso e mesmo até se figurar-lhe um pássaro.
Pensarás que tens asas e voarás como num sonho?
Certeza que não, afinal sabes descansar de um dia sobressaltado, usando um sobressalto quatorze nos teus pés já calçados.
Calças a mesa com uma passagem de ônibus dobrada, para que não caia o prato finamente pintado a mão pela moça da farmácia.
Os remédios que cortam o tecido da frente bem mais que o tecido do forro, são muito conhecidos pela farmacêutica.
Eu gosto muito de caqui duro e ele dura na boca, o quanto eu disser que ele doura, ele dura no meu dito o que o bendito dura.
Duro eu, doura você. douramos o quanto dura uma diligência pacifista na calçada da fama.
Fome é a fama que o marcketing prega e o prego é tâo duro e forte que a fome, medrosa que é, faz sua fama no esquecer-se dela.
A minha fome pela sua, nos traz a fama necessária aos dois que se inflamam na quentura dos espaços físicos.
A ideia que estamos próximos é tão palpável, que apalpamos um, a fome do outro, até que a fama não nos separa mais.
Famosos somos por não nos arrumarmos mais, por não nos separarmos mais, por estarmos unidos por uma taça portuguesa.
Conhecedora de lábios, a taça que não se deforma, conforma-se aos nossos e brinda.
Brincadeira de fidalgos, que se amam no redondo

sexta-feira, 22 de abril de 2011


Crístico.
Um crítico que crê en Jesus.
A boa nova, que seja novíssima, posto que o que é velho pertence a nós todos, humanos seres, que temos dificuldade grande em transdormarmos situações desconfortáveis.
O bem é bonito.
Não há sorriso sem o bem.
Sorrir é uma marca importante, como chave que abre porta.
Outro dia, um jovem esqueceu a chave dentro do carro fechado a sete chaves.
Precisou de uma chave reserva para poder acrir o carro e fazer uso dele.
Uma chave reverva, nos reserva a chance de caminharmos por território misterioso. Chance para quando não conseguimos avançar sozinhos e nem mesmo com ajuda de alguém também limitado pelas nossas condições físicas.
O mistério etéreo é uma chave diferente para nós que somos agraciados com alguma imaginação.
As coincidências mos encantam e recheiam o jardim redondo dessas fantasias coladas ao nosso corpo.
Algo acontece bem perto de nós.
O bem de perto, o bem por perto.
O coincidir da chave com a fechadura.
A nossa abertura é sempre colocada a prova, além do limite da ditadura do fecho.
Como pode morrer a esperança?
Ressurge a ideia e a imagem na cabeça e essa sexta apresenta um cesto.
Nele há frutas doces e linões.
Um cesto de doçuras e azedume a serem vividos.
Um sexto, sentido

quinta-feira, 21 de abril de 2011


Com os olhos nas solas dos pés.
Pernas pra que te quero nada, eu quero mesmo tê-las.
Não para correr das dunas do nordeste, mas para encontrar no noroeste estada e guarida.
Eu quero pernas, braços e as vielas todas para poder cercar o meu espírito e a minha alma com segurança.
Quero não dar de ombros para nenhuma questão, já que a questão primordial pertence aos ombros.
Dar-te-ei então, os meus, para que possas soletrar a resposta à toda pergunta.
A leveza é justamente essa, as juntas.
Não, ao "junta tudo e joga fora", mas joga pra dentro tudo o que tem lá fora e forma som isso tudo, as formas que eu daqui de dentro e de fora, idolatro.
A forma que não é geométrica é orgânica, então que as orgânicas sejam pintadas com cor de carne e que os ossos brancos, sejam a soma de tudo isso que me sustenta.
Sustenta a ti também?
Façamos pois, o esqueleto dessa ideia no papel manteiga, nós que somos tal qual manteiga, derretida.
Acho que isso nem ideia é.
É costela inteira.
Não é ideia da cabeça, ou menos ainda, ideia sem pé nem cabeça.
É tudo isso e mais ainda.
Cabeça, corpo e membros.
Tudo isso, são dados de uma constatação.
Constatei que, se não há consternação, o que há é constelação

quarta-feira, 20 de abril de 2011


Emocionante.
É aquilo que faz mover, aquilo que incentiva, tudo o que nos remete para frente, avanço.
Quero desenhar um sonho.
Um desenho que setenta tantas vezes.
Um esboço, um croqui, um rascunho, um risco.
Correr esse risco até que ele se torne mais arriscado ainda.
Lembra-se de quando éramos crianças e um amigo nos mostrava um papel com um A desenhado e depois fazia um risco sobre ele?
Lembra o que ele perguntava?
O que é isso?
E a gente respondia:
Não sabemos.
E ele logo vinha dizendo:
É ARRISCADO.
Eeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeee
Dãrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr
E era arriscado mesmo, assim como está sendo até hoje.
Em termos educacionais, da saúde ou de segurança, porém é lindo poder viver arriscando pensar.
Ontem ouvi algo simples e fantástico:
Devemos incentivar as pessoas a gostar de pensar.
Fantástico.
Nesse momento estou desenhando com letras.
Buscando informar as gentes daquilo que estou pensando e talvez com um pouco disso, algumas delas comecem a ter outras ideias a partir dessas.
Uma lamparina sempre tem ideias e sempre emociona por onde passa.
O lugar, o sítio específico jamais é o mesmo depois que ela dá o ar da sua graça.
Parece que o povo está pouco acostumado com isso.
Pra ela que doa amor, enxerga o outro e deposita nele alguma relevância.
Mesmo que em algum instante ele faça algo que pareça triste, ou tolo, ainda assim colocamos atenção sobre a cena.
Essa atenção nos mostra, nos descobre e descobre o outro até que ele fique translúcido, para que possamos transparenteá-lo.
Torna-lo um parente além dos que nos são diretos.
Um ente que nos é colocado à frente para que possamos nos refletir e sabermos um pouco mais, não dele, mas de nós mesmos.
Uma diva no divã, deita e rola, ilumina e determina.
Uma divina graça alcançada pelos braços, meus e seus, nossos

terça-feira, 19 de abril de 2011


Iluminou-me novamente.
Que ideia divina.
Não falar mais de arte, na hipótese de ficarmos cheios de dinheiro.
Retirei do contexto a hipótese capital e fiquei com a ideia de não falar mais de arte.
Principalmente para os meus diletos alunos.
Ontem, um deles que me disse não saber o que fazer daqui pra frente como profissão de fé, também me disse que eu adoro o que eu faço.
Afirmou:
Você gosta muito do que faz.
Isso também junta-se à fala do não falar mais sobre arte.
O que quero fazer daqui pra frente é fazê-la.
Pintura, desenho, colares, pulseiras, objetos, falar sobre as coisas que advém dela.
Admirar é olhar pra dentro e advir é vir de dentro.
Que venha pois, dela, tudo isso e que as pessoas possam compreender alguma coisa.
Não falar de arte é vivê-la diariamente, já que viver é ato de arte desde pequenos.
Lembrem-se que o que as nossas mães já sabiam há tempos, é que fazíamos e continuamos fazendo muita arte.
Isso não muda, não se desconjunta.
Esse é o conjunto de inspirações que iluminam nossos dias, com uma luz que mais do que iluminar, determina

Sonhar com os anos setenta.
Setenta vezes sete e assim adiante.
Adianta a gente sonhar bastante.
Afirmam que não há gente que não sonhe quando dorme.
Eu admiro os olhos se mexendo quando a pessoa está dormindo e viajando pelos estágios dos jardins redondos.
Sonhar com as coisas do tempo do quando pequenos.
Quando se é pequeno, tudo parece ser do tamanho do mundo, gigante pela própria natureza.
Nossa natureza de vez em quando é bastante sábia e é principalmente assim, quando damos a importância gigante ao abraço.
Estiquemos os braços até alcançarmos o outro, escrevendo um poema cintilante, assim como cintilam as luzes vibrantes dos corações que pulsam felicidade.
A felicidade que pulsa, move montanhas e sonha com as terras movendo-se sem estragos.
Um mover-se suave, que transcende todas as expectativas dos aflitos, afligidos pela extravagância do sistema. 
A montanha se move mais vagarosamente do que nossos pés, porém o nosso sonho sonha o contrário.
Nossa fé é viva e viva todo mundo que sonha com o coração acordado.
O nosso acordo é que quando acordamos com o setenta, ainda damos um tempo até o três

segunda-feira, 18 de abril de 2011


Existe um semáforo para a passagem segura de pedestres em frente ao shopping.
Segura a onda?
Até hoje e faz tempo, não vi nenhum carro que parasse nesse sinal vermelho.
Tenho até medo de brecar e vou fazendo isso bem devagarinho, muito antes de chegar na faixa, com receio que um carro chapulete a traseira da minha fiesta.
Outro dia, uma moto em alta velocidade, quase atropela a mãe, a avó e o netinho filho, que atravessavam na faixa.
Segure-se aí que o trem vem vindo.
O trem da atmosfera de Fukushima, bem piorada.
Um trem que derruba os limites da decência e da elegância, da bondade e da amorosidade fraterna.
Algo ecologicamente ambientado no meio da rua de asfalto quente, algo que interfira no metabolismo vulgar de uma parte torpe dessa sociedade regada a cortes de fios que atravessam as ruas, atrás de uns trocados na barganha, deve aparecer deeneasísticamente rompendo essas fronteiras onde cospem, as baratas vestidas com roupas de grife.
Hoje recebemos uma foto brilhante.
Nela, o brilho de um abraço bilateral, onde as partes se entendem e rompem essas fronteiras dos grupos inseguros.
Numa palestra televisiva, um psicanalista disse, e eu concordei, que ele adora o termo individualista, quando esse remete a uma força individual que pode ser trocada com os outros, todos interagindo de forma a conchegarem-se intelectualmente e depois, por consequência, afetivamente.
Entendido dessa forma é lindo, porém quanto tempo ainda temos para chegarmos a esse estado amoroso da matéria?
A fotografia dessa realidade onde dois seres encontram-se rindo das belezas internas das suas próprias imitações e gestos, realiza nas conversas, uma deliciosa refeição antropofágica, onde tudo é alterado de instante para instante, sem que se perca o aconchego e a afinidade de idéias e de tecidos.
O semáforo é a segurança do pedestre, falta apenas avisar os trens.
Ouvir a sua voz perfumar o telefone, é desatar os nós, é um filho sem sede e sem fome

domingo, 17 de abril de 2011


A razão que existe para que as pessoas não se cumprimentem quando se conhecem parece não ter lógica.
E não tem.
O que tem é um esquecimento das tantas coisas lindas que transpareceram nos momentos anteriores, tal como a lógica das crianças do início do século passado.
Adoramos visitar as fotos em preto e branco dos ipês e das castanheiras.
A lógica inexistente, talvez seja a valorização das coisas passageiras desse mundo recheado de pessoas e bichos.
Interesses incessantes nas coisas que são reveladas por organismos que crêm orientar a massa.
A massa é uma massa salgada, ou doce, ao sabor dos ventos que soprem mais fáceis.
É difícil ter firmeza de posição numa pizzaria que vai ganhando cada vez mais espaço nesse mercado cheio de espaço vicioso.
Tudo termina em pizza, quando os ingredientes vão se moldando cada vez mais a uma receita repetida incansavelmente.
Receitas têm papel organizador no mundo dos bichos recheado de pessoas.
A desorganização é coisa artística, que vasculha a alma das gentes, a fim de dar-lhes alguma sobrevida, mesmo que difícil, nesse sítio de desigualdades justas.
Eu gosto muito de fazer retratos a grafite.
Desenhar a lápis.
Fazer riscos e formas sobre esse mundo igual, propondo cumprimentos entusiásticos, com abraços e beijos.
Não se dá risada para que todo mundo goste da gente.
Damos risada para gargalharmos de nós mesmos, usando tudo isso como combustível drástico para o nosso caminhar maduro, impressionados com as crianças

sábado, 16 de abril de 2011


É todo um processo.
A gente ficar escrevendo pensando que pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo.
O processo do todo em tudo.
Tudo isso é um toque de tocar o tudo das coisas.
O processo é esse.
Uma mulher vestindo-se para sair, faz esse processo pelo menos três vezes antes de tudo estar no resultado perfeito desse processo como um todo.
A gente fica representando o tudo que há em cada gesto da realidade passada a limpo e presenteada com tudo isso.
Isso é e faz parte de todo o processo.
Vivemos unidos sem jamais sermos vencidos.
O prazo de validade espirrou e assim foram atirados os nossos pedaços ainda mais pra frente.
Expirar é um outro processo, afinal tudo que existe no todo, acreditamos que jamais acabe.
Se a crença é outra, talvez expiremos mais tarde.
Que processo é esse?
Acabamos de colocar a água pra ferver

quinta-feira, 14 de abril de 2011


O espaço está aberto a todo tipo de aeronaves e máquinas que voam.
As que permanecem paradas também têm espaço nesse canto que busca transformar tudo em ouro.
Um ouro diferente desse que compra aeronaves e pessoas.
Uma áurea investida dos olhos de dentro nas coisas que são possíveis de ver aqui de fora.
As de fora vivem maquinando com as coisas que vivem aqui dentro.
Máquinas maníacas por movimento e invenção.
Inventaram uma história dizendo que o homem foi à lua e lá pôs os pés.
É muito legal imaginar que essas coisas podem ser forçosamente falsas.
Inventaram outra que um atirador, ex aluno, atirou em doze jovens dentro de salas de aula.
Talvez seja mais forçoso imaginar essa coisa como farsa, já que esbarra numa falsa força.
Inventor sem cabeça, ou com ela toda voltada para a fotografia do garoto e do urubu, no tórrido solo da África com fome.
O espaço entre uma invenção e outra é preenchido pela sórdida realidade que assolam as cabeças das gentes inventoras dos próprios pés, andando nesse mundo inventivo e azedo.
Eu adoro um azedume, um açúcar, um adoçante salgado e doce.
Adoro a multiplicidade das possibilidades das coisas.
Gosto da arte e da parte que toca o corpo dos objetos.
Amo a feminina pedra que salta aos olhos e enfeita as contas de ouro, diferente daquele que compra pessoas e aeronaves.
Esse feminino voa, flutua sobre os cantos da mesa de madeira retangular, desejada e conquistada.
O refrigerante famoso nos conta que há mais coisas melhores acontecendo do que as piores que são notícias de última hora.
A nossa última hora é o nosso melhor instante.
Um voo entre uma mensagem e outra, desfilando entre uma letra e outra, digitalizadas pelos polegares.
Sim, o plural de polegar é polegares e o desenho por eles feitos com os indicadores, pinça.
As pinças.
Pinçamos uma folha de manjericão do círculo de massa coberto com tomates bacanas.
Inventamos uma janta mais do que esperta.
Inventamos da hora, na hora, a última e a primeira, reciclamos todas.
Reinventamos as horas e dentro dela ficamos a reinventar os gestos e os movimentos.
Restauramos a dualidade da gente, das gentes e dos seres que existem e insistem nas coisas.
Revisitamos esse multiforme costume, essas roupas, essas vestes.
Vestes? Vestes as vestes?
Consegue vê-las?
Claro.
Assim as aeronaves sobrevoam a derme e a epiderme.
A nossa pele sobrevoa a alma e a gente gosta demais.
Gostamos de mais.
Esse demais, que é um lugar que foi construído bem longe do território de menos.
Esse território distante, onde não nos vemos

quarta-feira, 13 de abril de 2011


104
Cento e quatro.
Um quatorze com um túnel infinito no centro.
Como eu escrevi anteriormente, os símbolos encantam algumas pessoas e a mim, por princípio e segurança.
Códigos a serem decodificados, sem necessidade de serem, dessa maneira, compreendidos exatamente como quem os grafou os compreende.
Dessa forma, os símbolos sugerem mais do que interferem.
Não ferem por dentro, agem por dentro, têm coragem.
A sugestão manifesta, manifesta-se festivamente de muitas maneiras até que várias gentes fruam, possibilitando ao mundo, vários algos que ainda não existiam como tal.
Muitas palavras para dizer que a criação dá origem, origina, é original.
Faz aparecer algo nunca visto daquela forma.
Um liquidificador novo, uma roupa nova, uma nova luminária, que acende uma nova luz àquelas que antes já transmitiam tanto a tantos.
Os artistas são de Urano, já que as idéias estão em Urano.
Essa frase anterior parte de uma crença.
Não conheço nada sobre planetas e suas influências sobre as coisas da gente, mas considero o símbolo intrigante.
Intrigar-se é tarefa lúdica, viva, intrínseca ao ato de fazer arte, pensá-la e conhecê-la.
Muito prazer em conhecer a menina que interpreta quatorze vezes quatorze e sobre esse valor mais quatorze elevado a quatorze.
O elevado aí, funciona como elevação do espírito e da carne, da razão e da mágica, do dia e da noite.
Originar algo é ter a ciência de alguma coisa anterior e conseguir transpô-la, depois de ter transitado por ela.
Ter ciência é saber e de tanto saber, saber-se pouco e de tão pouco, poder-se acrescentar.
Acrescento um verso ao seu e a poesia que gestamos é a cara de um retrato renascentista.
Renasce a possibilitade do encantamento com todas as coisas e na comunicação com elas, a tela.
Esse tecido enorme, esticado no tamanho exato das nossas vidas em sequência.
Plutão dista um monte e a nossa crença move o monte

terça-feira, 12 de abril de 2011

(((心)))


A casa que se movimenta de forma harmoniosa e densa é o coração.
A coragem e a sua ação renovadora.
A fala em sua potencialidade de renovar-me a mim mesmo, dirigindo-me ao meu interior, para que eu possa ver de perto esse órgão amoroso e pulsante.
O amor pulsa e vibra, na dimensão esperançosa da alegria incontida.
São ondas de extensão infinita que move montanhas, vales, placas e a terra de chão duro, ou barrento.
Essa casa move-se por qualquer canto e não tem vergonha de molhar-se quando a chuva é forte.
Quando é chuvisco, molha-se também para abraçar molhada o dorso do outro, a fim de  umedecer a estrela que habita na casa do outro, da outra casa.
Telhados de vidro são para os fracos, aos fortes é reservado o telhado de zinco, aquele que furado, salpica de estrelas o chão, o piso e a terra da casa.
Os símbolos nos encantam.
As belíssimas histórias que vêm deles, as fantasias, os costumes, as fadas e as bruxinhas, os guardiões e os gladiadores.
Os símbolos deveriam falar por si e falam.
Nos dizem sempre que se põe diante dos olhos.
Prestemos atenção nos desenhos, nas retas, nas curvas, nas ondulações e verifiquemos o quanto de amor há neles.
O quanto de encanto pode trazer à nossa casa.
O coração vai nos movimentar até chegarmos do outro lado.
O outro lado é justamente o do outro.
Só ele é capaz ritmar o pulsar do dele.
Ninguém modifica ninguém a não ser ele mesmo.
Quem disse que alguém precisa ser modificado, se já se é tão codificado?
A onda junta e mescla e faz música incessante até dançar coragem com coragem.
Dança linda, doce, vibrafone de metal e de madeira.
A menina sulcava a madeira de topo até sangrar a letra.
Areia  

segunda-feira, 11 de abril de 2011


O que um sorriso espelha?
A aura, a áurea luz, a vestimenta da alegria, ou a travessura dos parangolés?
Espelha reflexos da lindeza do tudo.
De tudo isso e mais um pouco, um muito.
A gente veste a vida com esse sorriso e os seus dentes suavizam a paisagem.
O rosto veste a face e a face se reveste da cara e da coroa, do bem e do melhor ainda.
Essa moeda não é de césares.
Esse círculo encantador é de outra linha, outra linhagem.
Quando o sorriso vence, o mal troca de cara na vivência das gentes que emanam bençãos.
O mal é uma mala extraviada, nessa via sorridente.
A verdadeira avenida caminheira, sorri para as árvores plantadas na sua via lateral.
A lateral do sorriso é literalmente um verso de uma poesia sideral.
Siderurgia soldada no coração da gente.
É do céu que vem a nuvem de fumaça, na comunicação dos primitivos.
Vem dos primórdios as inscrições da alegria.
O que vem de dentro, vem da origem, da originalidade, vem de cada um e vem do único instante que exala perfume e aroma de ternura.
O instante de fé.
O momento de crença, de graça.
Essa que nos faz acreditar sempre que a boca pode ser um monumento de festa.
A festa que exalta o rosto.
O rosto que é espelho da fraterna linha, que abraça a gente.
A festa que nos faz vestir a roupa mais apropriada para a ocasião.
O traje de gala, galante.
Esse sorriso que nos veste tão bem

domingo, 10 de abril de 2011


Abraço.
Forte convicção que alcança a alma do outro.
O ônibus de uma certa volta caminha numa velocidade de sonho.
Vem devagarinho, solto à brisa, vem amando lembrar das palavras e do gesto.
Uma netinha diz ao avô:
Vovô eu vou dormir, boa noite.
O vovô respondeu:
Durma.
A menininha disse mansamente:
Diga boa noite vovô, e o avô retrucou:
Durma.
O ônibus seguia seu curso lento e dedicado ao pensamento suave e à realidade crua.
No decorrer do percurso a menininha não dormiu e demonstrou cada vez mais a sua inteligência na rapidez de seu raciocínio.
Estou aqui, escrevendo, acompanhado das minhas lembranças bonitas, que nunca descansam.
Bom dia, boa tarde, boa noite e beleza em quase tudo que comporta beleza.
A beleza aparece quando abrimos as comportas donde ela estava represada, comportada.
O abraço abraça a lindeza e alcança a eternidade do sorriso largo.
Cheguei e agora não descanso enquanto não puser os pés, de novo, na terra que o asfalto envernizou.
Minha mãe acabou de dizer que adoraria morar no sítio.
Eu não.
Adoro morar onde estou, onde meus braços alcançam e as minhas mãos podem rezar sobre o óleo e sobre a lisa

sábado, 9 de abril de 2011


Cem.
Sem querer querendo e querendo muito a gente vai andando ligeiro para o desenvolvimento dos nossos passos sem querer saber muito de um futuro distante.
O distante dista o quanto queremos e se queremos um distante muito adiante não adianta quase nada.
Esbarramos nos distúrbios neuróticos, na desconfiança, na preguiça que dá de dar um salto maior para chegar à condução.
A condição é que a condução nos leve bem próximos da felicidade que gerará mais condições de felicidade após aquela.
Perceba que a felicidade é um lugar de espaço curto e que a curtição, é desenvolver uma rapidez frenética para construirmos esses espaços bem próximos uns dos outros.
Vários espaços felizes para que possamos rir da nossa própria cara e dos nossos próprios fazeres imprecisos.
Quem requer fazeres precisos são as fábricas de produtos perecíveis.
A fábrica mundial de tudo, chamada vulgarmente de mundão, não precisa de fazeres precisos, necessita sim, de fazeres espaciais de felicitações.
Um espaço após o outro, já que todo fazer feliz requer o espaço físico do outro.
Sim, o espaço físico, já que o emocional está no controle do outro próprio.
O que podemos fazer ludicamente é explorar o físico até o instante de colocar o outro no colo e estimulá-lo ao carinho intenso.
Precisamos de colo, dessa escola imprópria num mundo materialista.
Estou listando o colo como aproximação emocional e distanciamento material, por mais paradoxal que isso possa parecer.
O que vai acabar perecendo é a necessidade do ovo de páscoa, amadurecendo a vida que está crescendo dentro dele.
O ovo e a páscoa, a vida e o colo.
Cola nessa e descola um abraço.
Forte e vigorosa como a fêmea que bota um ovo.
A ideia é vivaz.
A minha ideia é que a vida possa triunfar frente a uma onda de preconceito contra as filas, os congestionamentos, as compras nos shoppings, os programas de entretenimento na televisão e os games violentos.
Eu não tenho ideia de como eu posso ser tão preconceituoso

quinta-feira, 7 de abril de 2011



感謝の心

O coração em gratidão.
Agradecer é uma benção muitas vezes confundida com fraqueza, nesse mundo recheado e envernizado pelo consumismo.
Obrigado pela gentileza do texto e pela lembrança.
Não somos obrigados a nada, mas ouvir uma palavra doce é sempre um bálsamo para a renovação da nossa esperança numa vivência mais solidária.
O toque das mãos é mais bonito quando valorizado pela profundidade de um abraço.
O braço todo tocando o corpo do outro, as costas, a frente, o verso, entrelaçando as mãos no final do processo, as mãos todas, as quatro.
Agradeço sempre o fato do jardim ser amplo e irrestrito.
Oferece espaço para as contradições e para as convicções.
Flores e terra, seivas e sangues azuis, refinados pelo vermelho fogo que enobrece a alma e o corpo santo.
O redondo exemplo que não ofusca os olhos, mas salta a eles, facilitando a expressão da boniteza sentida.
É bonito saber que a solidariedade e a paciência ainda são respeitáveis artifícios que agregam e juntam as pessoas que se animam.
Animação é movimento.
Movimentemo-nos no sentido do outro, tendo no exemplo do abraço a força para desenharmos uma obra mais próxima da simplicidade e mais amalgamada à complexidade do esforço singelo da realidade.
Isso é real, é filosófico, é necessidade do pensamento e do coração.
Sou grato e agradecido te beijo.
Esse ato poético que fala a nossa língua

quarta-feira, 6 de abril de 2011


Uma pausa para o café.
Acabei de tirar da tomada o plug que vem da tostequeira de teflon.
A rosca é rosca divina.
O queijo derretido o suficiente para ser mais semelhante a lua de várias faces, derretidas.
A nova é cheia, tão cheia como aquela, tão nova.
Tal qual a nova estrela que a gente vê de longe e nem sabe se já se foi.
Foi-se o tempo que a gente fazia de um jeito, agora é um tempo presente, agora.
E é de agora em diante que adiantamos a percepção para reverenciarmos o diferente, o fazer diferente, o não ter hora nenhuma e tê-las todas, as horas.
Ora bolas, há hora que parece brilhar como estrela cintilante e raiada.
Raio de um sol de revista, fotografia no papel brilhante.
Brilho de uma página dupla, central, sem grampo.
A maravilhosa  e sofisticada palavra que combina com qualquer frase, fase, luas.
A história que eu quero contar é uma história presente, uma pão delicado que se aquece ao toque dos dedos.
É tomada a hora que se toma com café.
Uma pausa antes de começar a batucada.
As baquetas precisam de nossas mãos para provocarem sons.
Elas estão asseadas, limpas por um gel transparente e antisséptico.
As bactérias são as palavras atravessadas e resistentes que saem das bocas perfumadas.
O mal e o bem estão aqui dentro e estão ali fora.
Dentro e fora, fora e dentro, aqui e ali.
Espaços vagos para que a gente use a nossa percepção para a apologia da beleza.
Bela é a vez que se faz nova e decente, honesta.
A vez que jardina o jardim das possibilidades advindas do que a arte quer dizer.
Diz aí, bela figura.
A fera que solta a voz, alicerça a nossa estadia nesse santo espaço

terça-feira, 5 de abril de 2011


A rosa é poderosa.
Brincar com as palavras é como vestir a roupa de um palhaço feliz.
Não rir de qualquer coisa, mas fazer com que qualquer coisa o faça feliz.
Mesmo depois de ver cenas realistas de realidade crua e nua, poder ser suficientemente sensível para realizar felicidade na primeira esquina, entre a rua direita e a sinistra.
A rosa é uma flor como tantas outras, mas ainda assim é uma rosa, desde quem a regue a conheça.
Um lírio pode ser colírio para olhos sensíveis.
Uma ninféia, uma hortênsia, um copo de leite, ou um jasmim, são flores acesas pela energia luminosa da palavra e sua transparência.
Um copo pode guardar todas as coisas do mundo, desde que consiga guardar um jornal.
Uma cafeteira pode guardar toda a felicidade do mundo, desde que o pó escuro depois da semente tenha o perfume exato da lembrança.
Lembrar das formigas escutadeiras deve fazer com que os nossos lábios fiquem em posição de sorriso eterno.
Silêncio!
As pequeninas têm os ouvidos acesos pelas poderosas escutas.
Escute bem, cole o seu ouvido aqui e veja.
A cola líquida deve fazer uma película fina para abrilhantar a colagem que você fez na sua capa.
O rosto e as orelhas dos livros são tocadas de leve por um beijo macio da palavra.
Dedico esse livro à você que jardina e visita as tábuas da lei liberta.
Liberdade de fato é pode fazer fato, os sonhos de todas as noites roncantes.
Ronca a noite e a minha barriga, quando tenho fome de observação.
Por isso ronco sempre, num respirar apressado.
Dorme suavemente sobre o braço da terra, a flor poderosa da razão.
Levanta como o sol levanta quando o dia resolve marcar o seu cartão

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Tranquilidade quase dormente.
Ontem ouvi novamente que a modernidade acreditava que a razão iria resolver todos os problemas.
Disseram que a ciência nos trouxe muita coisa boa e nos ajudou bastante, porém o ser humano é mais do que ciência.
Passaram a falar de arte.
A tão necessária e utilíssima arte.
Alma, espírito, casca e gosma interna etéreas, da cabeça aérea.
Acabei de ouvir de um aluno que eu deveria ser um desenhista famoso.
Eu disse a ele que eu já era muito famoso, cheio de fama, eu só não tenho muito dinheiro.
O que é o dinheiro nesse mundo materialista?
É a razão, aquela que iria salvar o ser humano de toda tragédia e iria proporcionar-lhe tranquilidade.
Estou tranquilo, cercado por barulhos de todos os lados.
Uma ilha esquisita, porém não louca.
Adorava ver radinhos de pilha serem atirados nos bandeirinhas em jogos de futebol.
Todos erravam o alvo, mas acertavam as chinelas que jaziam no gramado, atiradas um pouco antes.
Eram baratíssimos, os radinhos e as chinelas.
Foram substituídos por músicas tocando no celular sem fones particulares.
O som desses aparelhos agora é compartilhado, mesmo que você não queira ouvir aquilo, ou coisa alguma.
Estou tranquilo e quieto, ou quase.
Quero fazer um enorme desenho num tecido gigantesco, para que a maravilha possa cortá-lo e fazer dele diversos costumes.
Pedaços aleatórios para que todos possam ver as partes.
Juntar todos nas retinas talvez não será possível, mas sentirão as partes.
Estou tranquilo fazendo a mesma coisa de sempre, sem que nenhuma coisa seja exatamente igual.
Estou sentindo uma brisa passar pelo meu rosto.
Brisa boa mas que difere em muito daquela que me salta aos olhos e toques de nariz.
Essa diferente me ensina a sentir tal brisa.
Sempre adorei o barulho e talvez por isso adore tanto os ônibus a trinta.
Cometa a loucura de ser um cometa.
Vou caminhar essa noite por trilhas de som verdadeiro e biutiful.
Carteiras, rasteiras, música e ruído.
Uma rapunzel aparecendo na janela da maria, com um sorriso que vai de uma estante à outra.
Eu, de baixo sorrio também, um sorriso parecido, de parecidês intensa, tranquila

Uma suave brisa tocou-me a cabeça.
Esse parte do nosso corpo que esquenta quando se é do fogo.
Meu filho me deu um abraço forte e me perguntou se eu estava com febre.
Não estava, sou do fogo e do peito para cima.
Do abraço acalorado.
Quando o espírito desceu sobre os apóstolos, desceu atingindo-lhes a cabeça.
Em constante vigília, atenção e espera.
Uma espera delicada, tênue, capaz de virar furacão quando tocada por algo interessante, algo que provoque na cabeça, o interesse.
Tudo está dançando à nossa volta.
Tudo e todos dançam, com mais ou menos intensidade.
Acabei de ver uma sequência de desenhos feitos a lápis, mostrados um a um, de cima para baixo, na tela do computador.
No final da sequência aparece a imagem do autor com um lápis preso à boca.
A enorme possibilidade do querer humano.
A boca faz parte da cabeça que se aquece ao perceber demasiado.
A boca emite sons e produz movimentos que podem gravar imagens.
A boca não fala, a cabeça sim.
Dê neles, um forte abraço.
Assim faz a jardineira quando aprecia as árvores da grande cidade.
Espera, vigia e planta espetáculos no dançar dos lábios

domingo, 3 de abril de 2011


Uma tostequeira nova tem um termostato que mostra automaticamente quando o pão está bom para ser devorado.
Gosto bem mais de termostatos quebrados, que possibilitam variadas formas de interpretarmos a aparência do pão.
Ligamos na tomada, colocamos o pão, fechamos o aparelho e ficamos a abri-lo quando desejamos.
Abrimos de tempos em tempos e ficamos observando através dos olhos e do toque a temperatura e a textura do pão.
Gosto mais assim.
O desenvolvimento da tecnologia vem aprimorando a nossa preguiça.
Tudo é feito para facilitar a nossa vida, sendo que um pensa e realiza e os outros milhões utilizam.
E assim vamos seguindo, com alguns poucos pensando e todos nós usando o que esses nos oferecem.
Prefiro pensar um pouco e, as vezes, até pensar bastante.
O meu curso é a comunicação através do texto não verbal.
Isso dá um trabalho grande, perceber o que a imagem e os sons querem dizer.
Penso tudo isso como um espectador e não como artista.
Repito:
Dá um trabalho grande perceber o que as imagens e os sons querem dizer!
A curiosidade é a mola mestra da criação, que é a mola que faz pensar.
Parece que quando a gente expressa nosso pensamento a gente é chamado de filósofo, o que parece significar alguém com muita inteligência.
Tudo isso apenas me parece, afinal, pra tudo isso basta estar atento, observar e admirar.
Parece que trata-se, ou tratamos, de uma outra forma de inteligência.
Uma diligência interior, desejosa de comunicar-se teatralizando, contando histórias verossímeis.
A arte é como deus, precisa-se ter fé pra ver.
Eu adoro ver o pão na tostequeira, usando o meu próprio tempo, egoísta que sou.
Uma menina percebeu a alegria, vendo no relógio digital o número 10:01.
Apesar disso a nossa sensibilidade está sendo treinada para não chocar-se mais com as cenas bizarras que retratam a pobreza, o lixo, a maldade, a grosseria, a violência e a luxúria.
Achei até algumas cenas bacanas - palavra que vem de baco, o deus do vinho e da orgia - do qual, também a palavra bacanal deriva.
Será que isso é biutiful, ou biutiful é a pergunta da cena final do filme espanhol: "O que há pra lá?"
Beleza mesmo há no que há pra cá.
No exemplo da trama do algodão do lenço, que no passado resiste ao ferro e no presente, bailarina dança

sábado, 2 de abril de 2011

Elas costuram, bordam e pregam botão.
Adoram uns babados que espalham sombras pelas paredes.
Dançam a dança das cabeças, giram os girares dos mecanismos inventivos que até na pobreza criam formas de adaptar os objetos quebrados em suas utilidades primárias.
Quase quebrados podem criativamente continuar a funcionar a partir de um modo diferente de operação.
Ao nos depararmos com uma montanha de pessoas saindo de uma estação do metrô podemos repentinamente observar uma multidão de diferentes.
Uma mistura de gente separadas pelos cabelos, pelas camisas, camisetas, jaquetas, saias, barrigas, cotovelos e dentes.
Múltiplas formas desses seres semelhantes a mim e a vosê, que serpenteiam com os olhos a identificarem semelhanças.
Babados antigos em saias eletrônicas, cujo espaço para as conversas gravadas, são oferecidos para a melhoria do serviço.
Todas as operadoras sendo muito parecidas, oferecem o serviçi gravado para que possamos comprar a idéia de trocarmos sempre a mesma aparelhagen.
Estou vendendo idéias que quase ninguém compra, afinal são idéias com uma certa dose de sofisticação desnecessária.
É necessária a mim, que sou um ser desses que acha que a boniteza diferente é algo que transcende a obviedade da necessidade de termos um grande irmão que nos oriente.
A noite o sol está de cara virada pra mim.
Eu que adoro tanto o sol e ele ainda faz isso comigo.
Não importa, amanhece sempre e eu amanheço com ele olhando direto para multidão que é tão semelhante a mim.
Os olhos do sol têm a energia luminosa que me possibilita transcender o toque, abrindo-me a infinita possibilidade da visão tridimensional das colunas.
Uma criança não se separa do seu brinquedo.
Você para, dito rapidamente parace ser: separa!
E é assim que acontece com os desanimados.
Se você para, você separa de você as coisas realmente importantes.
O babado da sainha da menina é tão lindo que a separação entre a barra e o resto da estampa, inexiste